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sábado, março 22, 2008

Segredo de amigos


Voltar a um lugar onde já se viveu e que faz parte das memórias, é como rever um amigo que já não se vê há muito tempo. Há sempre a ansiedade, o desejo de o rever. Mas ao mesmo tempo, mistura-se a essa vontade o medo de que as coisas não sejam iguais. Porque quando ficamos muito tempo sem ver alguém que já fez parte do nosso quotidiano, e presenciou experiências e serviu de confidente aos nossos segredos, e nós aos dele, é possível que as coisas não estejam iguais. Que as piadas não sejam compreedidas à primeira. Que as expressões não sejam reconhecidas. Que as mudanças não tenham sido acompanhadas. Que as coisas não sejam iguais.Sabemos que situações não se repetem. Os vulgares "dejá vu" não são situações que vivemos duas vezes. São apenas a sensação que surge num instante, de que, já tenhamos vivido alguma coisa em algum momento na nossa vida. Mas são apenas isso. Uma sensação.


Mas voltar a percorrer ruas, a reviver o que se passou, a comer petiscos já experimentados e voltar a estar com pessoas que viveram connosco esse dia-a-dia longínquo, é como rever um amigo que há muito não víamos, e reconhecê-lo. E (Re)conhecê-lo. É um reabituar àquilo que somos com ele, àquilo que ele é connosco. E àquilo que somos quando estamos juntos.
A dualidade do sentimento faz-me desejar reconstruir o momento da minha partida, há pouco mais de um ano. Mas não. Vou guardar aquela manhã de Fevereiro só para mim. Parece que tudo permanece intacto na minha cabeça e no meu coração. Tal e qual um segredo de amigos. Madrid e Eu.

A minha cumplicidade com Madrid, foi-se construindo como se de um amigo se tratasse. Madrid cativou-me, com toda a agitação, o bulício, a animação, a variedade característica de toda a cidade grande que se preze. E porque tudo tem o preto e o branco, o quente e o frio, o yin e o yang. Madrid também me cativou pela eterna, calma, e tranquila descoberta que foi o tempo em que lá estive. Fui reviver Madrid faz agora uma semana. Madrid não será a mesma, de cada vez que lá vá. Mas rever e reviver um amigo de sempre, é sempre esta dualidade. De quem se conhece, mas de quem deixa sempre alguma margem para se conhecer melhor. Como os amigos, nem tudo se desvenda, não vá a evidência corroer a saudade e matar o desejo de rever.

sexta-feira, março 21, 2008


"Não te trarei flores, mas tomarei a tua mão e levar-te-ei até elas.
Não um punhado de flores, mas um bosque salpicado de prímulas, obscurecido por violetas.
Dou-te a Primavera."

Pam Brown