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sábado, abril 10, 2010

Pátria

Trailer Cinema "Pare, Escute, Olhe" from Pare, Escute, Olhe on Vimeo.


Do país que nos acolhe e que somos. Da mentalidade tacanha, da saudade tramada, do pessimismo latente, do medo de arriscar. Do querer mais parecer do que ser. Da vontade de ir ao cinema e ver com olhos meus as histórias que outros viram, contadas em movimento e em melodia. Por mais que elas sejam de outros, são nossas também.

terça-feira, abril 06, 2010

Poesia

segunda-feira, abril 05, 2010

Páscoa

A porta, encostada, nem deixa adivinhar o que tem dentro se já não soubessemos. Vamos visitar-vos, e ela senta-se na beirinha da pedra cinzenta com os vossos nomes escritos, com a letra que ele escolheu. Simples. Passamos as jarras por água, movimento feito de cor sem que nunca ninguém nos tenha ensinado. Aprendemos de ver. A esponja cheia de água, verde, dá de beber á verdura e às flores cor de salmão que pomos na jarra de vidro. Vão ficar ali uns dias. E a primavera que tarda vai fazer o favor de não as secar tão cedo, que bom.
E ela ali sentada bebe das histórias que lhe contavam um e outro, e das que viveu convosco. E passa por água a pedra que ficou meia suja das flores e da confusão do arranjo. E num instante, naqueles filmes mecânicos que a cabeça faz, passam imagens em flash de momentos-chave. Aqueles dias de praia compridos, os aniversários onde nunca faltava ninguém. Os Natais cheios, as buscas pelo Pai Natal, o perú a tostar no forno de lenha da padaria que abria de propósito para lá irmos. A ceira na praça, carregada de legumes, os sapatos no chão do carro, dentro do saco de plástico, que calçavas à pressa e que substituiam os chinelos com que conduzias. E os óculos, pendurados ao pescoço, cheios de farinha caída dos cozinhados. O rosbife acabado de fazer. A sopa de grão-de-bico feita por encomenda. E os pães passados a ferro. Ai os pães passados a ferro. É nestas alturas que mais se sente a vossa falta. Quando entramos em casa e os quartos estão frios porque ninguém veio antes para acender a lareira. Ou quando não chegamos a tempo da cruz porque ninguém ligou a avisar que ela lá vinha. Ou então quando não há pão de manhã, nem beatas na lareira, nem sequer baton nos lábios nem verniz vermelho nas unhas. E já ninguém chama "canina" nem "araújo" quando precisamos de vocês. E cai-me uma lágrima matreira quando me lembro o quanto dava para vos pedir um conselho, para vos roubar um abraço. Para ouvir uma piada tua, avô. Ou para sentir o cheiro da avó outra vez.