quinta-feira, outubro 29, 2009
Crónicas do reino de Marraquexe #1
Chegas de mansinho e nem fazes barulho. Dou por ti já aqui bem perto da minha cara, quando sinto as tuas pestanas a tocarem-me a pele e depois os teus lábios encostados aos meus. Mas és suave nos movimentos, e é difícil sentir-te a pele senão na cara - se bem que pouco me importo, gosto da tua pele macia e clara, da tua tez branca, das tuas perfeitas imperfeições. Os olhos bem pretos fecham-se quando me tocam, mas sinto-lhes a profundidade de sempre. De quando me olhaste pela primeira vez na praça enfumarada da mesquita. De ti, foi pelos olhos que me apaixonei. De ti, na verdade, via-te apenas os olhos. O cabelo muito escuro estava tapado, como está hoje, com um lenço de cor pastel que esbatia o tom da tua pele muito clara. Pestanas muito longas, lembro-me que me tocaram o coração pelo enquandramento e pelo secretismo que os teus olhos me transmitiram. E sempre que entras aqui, seja noite ou seja dia, vens de surpresa. Sempre de mansinho, não fazes barulho. Ajudam-te os pés que descalças à entrada, a leveza do teu andar, e a medida certa da tua túnica comprida. O tecido pesado e quente. Denunciam-te as pestanas longas. O beijo profundo. E o teu cheiro, que detecto logo, mas que gosto de apreciar e aprecio saborear enquanto te aproximas, pé ante pé. E eu disfarço que não dou por ti, já o meu coração lateja numa dança louca, e os meus braços quase não conseguem controlar a vontade de te abraçar.
quinta-feira, outubro 08, 2009
Subscrever:
Mensagens (Atom)