Páginas

Redes Sociais

.

terça-feira, agosto 31, 2010

Era um verbo


Começou com um susto. Estremeceu como se lhe roubassem uma coisa preciosa. Depois questionou. Perguntou porquê. Por quê. Para quê. Fez mil insinuações, esperou para ver, atropelou os pensamentos com as palavras. Escreveu uma carta à mão. Dançou salsa em pensamento. Bebeu caipirinhas. Depois apanhou sol, apanhou uma virose, constipou-se, escaldou a pele. Encheu a cabeça de areia. Sacudiu a areia de entre os dedos dos pés. Barrou-se de creme cheiroso e petiscou. Falou mais cara-a-cara do que ao telefone, comprou bilhetes de comboio, foi pendular entre idas e voltas e voltas e idas. Chorou salgado e riu doce. E mergulhou salgado. E passou por água. Doce. E cantou parabéns, decorou letras de músicas, comprou bilhete para concerto. Leu livros, e revistas, e jornais. E também fingiu que leu livros, e revistas e jornais, enquanto observava quem passava, escondida entre as páginas e os óculos de sol. Ficou a ver o mar até anoitecer, e fugiu da nortada. Tomou banho frio. Dormiu mais. Acordou cedo e andou a pé todos os dias. Teve saudades. Sorriu. Agostou. Que - no início - era um verbo. Agosto.