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quarta-feira, junho 01, 2011

é dia um

dia de confessar que nunca tive jeito para desenho, que sempre quis aprender ballet, que o sinal do "queime-se" era sempre o piscar de olhos, que adorava os pêssegos ainda verdes do pomar do avô Mica. que sempre me assustou o assobiar do titú, que dava tudo pelo pão passado a ferro da avó petit e pelas piadas do avô jú e que gravava a "chuva de estrelas em cassete no rádio que me deram nos anos. é dia de recuperar o caminho de apito em surdina para rio maior, vindos do sanguinhal no dois cavalos do mário cândido, da festa quando o papá chegava de viagem, das horas à espera da avó ester, sentada numa cadeirinha no telheiro da cozinha. é dia de confessar segredos antigos, dia de dizer que aprendi a gostar de ervilhas com a minha madrinha, aprendi a assobiar em jogos de futebol com o papá, num benfica-salgueiros renhido. é dia de lembrar os furas na praia da costa nova e as tripas com chocolate, dia-sim-dia-sim, no zé da tripa. dia de ter saudades dos sorteios que a mã fazia com a aliança para sairmos do banho sem discussões. tempo de lembrar o dia em que comecei a ler e a professora maria alice me levou a ler para a turma do 2º ano da dona isilda. hoje é dia um. é dia de lembrar a camisola com os pom-pons de cores diferentes, as botas ortopéticas para corrigir o pé chato e as primeiras all-star, brancas, que conjugava com as calças azuis claras e amarelas dos cãezinhos, ainda a zara era uma loja que poucos conheciam. é dia de lembrar cheiros e cores e sabores que já não estão todos os dias. mas que deviam estar, fossemos nós crianças para sempre. hoje é dia um.