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sexta-feira, janeiro 30, 2009

29.01.2001

Toma. Uma prenda para ti.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Foi sem mais nem menos

Moreno, cabelo às ondas que mais parecia um mar revolto. Sorridente. Amigo. Lembro-me bem de ti, das tuas gargalhadas encostado à entrada da escola. Da maneira como coçavas a cabeça quando querias pensar em alguma coisa. Dos teus dentes alinhados. Marcou-me o teu gosto por ajudar, sempre que podias, os teus amigos. Eras um bom amigo, daqueles verdadeiros. Daqueles que nunca se esquecem, que não se esquecem de nós, que querem o nosso bem.
Tinhas uma paixão por motas. Imensa, verdadeira. Uma paixão daquelas assolapadas, que nos deixa sem fôlego, que nos leva a fazer tudo por ela. Que não deixa espaço no pensamento para mais nada. Há algum tempo que não te via antes de me terem dado a notícia. Lembro-me que pesou no meu dia o teu acidente. E pesou-me, em mim, a partir daí, a tua falta. O semblante carregado dos teus amigos de sempre, à espera que tudo fosse um pesadelo e que pudessemos acordar a qualquer hora. Mas não era. Foste mesmo tu que, a caminho do trabalho, pouco passava das 7 da manhã, ligaste pela última vez a mota sonhada. A mota finalmente vivida. Foste mesmo tu que, assim, sem mais nem menos, tiveste azar de estar no sítio errado à hora errada. E quando os factores se juntam assim, a resistência não chega. Nem a paixão. Foste tu que, nesse dia, não resististe.
Sete anos sem escrever uma linha sobre o assunto. Há dias que nos marcam mais do que podemos sequer imaginar. A paixão pode matar. Literalmente.
E isso não tem nada a ver com justiça. Tinhas 17 anos, caramba.

terça-feira, janeiro 27, 2009

O homem do sorriso rasgado

És um homem de ossos salientes no queixo e grandes olhos castanhos. Pouco resta da cara de menino, redonda e de bochechas que apetecia apertar a toda a hora. Cresceste e és assim. Estás feito um homem. És profissional como sempre disseste que serias. Levas cada desafio como fim em si mesmo - enquanto não alcanças, não descansas. Há palavras que te ficam bem na boca, e tu, di-las sem receios. Sabe-las de cor. Há outras que em tempos ouvi saírem-te da boca, disparadas e em total descontrolo. Tantas vezes insististe para que conseguisses guardá-las dentro de ti que, agora por mais que às vezes eu queira recordá-las, não consigo. Deixaste de as dizer e eu deixei de me lembrar delas. A verdade é que ficavam muito mal na tua boca. E agora, deixaram de constar do teu vocabulário. Cheiras a maturidade, a complacência, a ponderação. E continuas a cheirar àquilo que sempre cheiraste. Pelo menos quando te aproximas e me dás um beijo de boa noite. Portanto, confesso-te que acho que ainda há coisas que não mudaram. Continuas a ter um sorriso apaixonante. Eras um miúdo e agora és um homem. O homem do sorriso rasgado. Só que se não fossem os teus olhos a tirar-me as dúvidas, às vezes ia jurar que não és tu que sorris.

quarta-feira, janeiro 21, 2009

I know you feel me baby

My heart my head my mind my soul
My feelings over you
My tears my touch remember all that I am to you
My heart my mind my soul
My feelings over you
My tears my touch remember all that I am
When you're gonna pick up the phone and call me
Some times I wanna give you up
Some times I want to leave you alone
Some times I want to run away
And some times I want you to come back home
Come home to me yeah yeah baby
I know I know you'll be good for me
Come home come home
Yeah baby
I'm right here baby
Come home to me
Yes I'm right here baby
Yeah all I am to you
I know you feel me baby
Yeah yeah
Come on come on
Home to me

Fragmentos


Já te disse que me fizeste. Já te apresentei razões suficientes para acreditares. És carinhoso quando estás, és coerente nas palavras e nos gestos e nem sequer revelas demasiado. Mas falta uma coisa. Fazeres-te meu.


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Sinto-te desde sempre ao meu lado e nem todas as palavras do mundo serviriam para descrever a importância que ocupas na minha vida. És uma importante bússula que me guia os movimentos, um GPS cuja bateria nunca falha aos olhos dos outros, um ídolo pela tenacidade, pela força e pela resistência. Mas sei que às vezes precisas, tu também de um abraço. E eu estou aí. Não te vou falhar.


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Tens a voz mais doce do universo. És sangue que me corre nas veias. Sem ti corroo-me, deixo-me perder. Contigo encontro-me, descubro-me, invento-me. Só de pensar em perder-te desfaleço. Imaginar que não estás, mata-me. És eu.


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Quantos fragmentos de gente cabem em mim?

terça-feira, janeiro 20, 2009

It's 'O' time


Our challenges may be new. (...) This is the meaning of our liberty and our creed - why men and women and children of every race and every faith can join in celebration across this magnificient mall, and why a man whose father less tahn sixty years ago might not have been server at a local restaurant can now stand before you to take a most sacred oath.


Congratulations, Mr. President!

quarta-feira, janeiro 14, 2009

De há 24 anos para cá

Eram 16h50m quando me olharam nos olhos pela primeira vez. Entretanto, tinha estado 9 meses certos na barriga da minha mãe, que diz que logo que me viu me achou o bebé mais lindo de sempre. Tinha o cabelo preto e em pé e parece que logo a partir da primeira semana de vida comecei a dormir a noite toda. Adorava estar na ronha, tanto que era preciso apertarem-me os dedos dos pés para acordar e comer. Foi - desconfio - desta fase que resultou a minha 'hiperactividade' actual. Gosto de conhecer sítios novos, mas gosto de estar também nos antigos, nos de sempre. Gosto de músicas melodiosas em dias tristes e em dias felizes. Tenho de me sentir útil, fazer planos, sair de casa, conversar. Sou impulsiva com os amigos, com o namorado, com a família. Com pessoas que me dizem alguma coisa, que me obrigam a pensar por mim e não se satisfazem com menos do que aquilo que esperam de mim. Adoro chocolates, muito mais desde que a palavra 'dieta' entrou no meu vocabulário quotidiano. Antes, na verdade, os doces em geral diziam-me pouco. Mordo o interior da minha boca, tanto que até o meu dentista já recomendou que pare. (Parece que corro o risco de abrir uma cratera numa das bochechas.) Adoro ir a casa ao fim de semana. Porque...enfim...porque cheira a casa, sabe a casa...porque é casa e isso diz tudo. Gosto de falar ao telefone, mas gosto mais de falar cara-a-cara, a não ser que a cara esteja tão má que um contacto mais directo seja de evitar. Não gosto especialmente de mandar mensagens, de falar pelo 'mensageiro'. Gosto de escrever cartas, adoro datas, detesto bolo-rei e não consigo evitar adormecer a ver filmes, à noite.
Dizem que sou igual ao meu pai e a minha mãe fica aborrecida com isso, principalmente quando sou eu a dizê-lo. Realizo-me a escrever, cresço a perguntar, penso baixinho e às vezes não digo o que acho. Outras vezes falo demais, arrependo-me, peço desculpa e entro em hibernação, com medo que mais ninguém erre tanto como eu. Assumo responsabilidade quando a tenho. Mas recuso-a quando ela não é minha. Prezo a verdade, acredito que os sonhos se podem realizar. Insisto até não ter forças para mais ou até deixar de acreditar. Sei o NIB de cor - assim como muitas datas, e muitos números de telefone, mesmo aqueles que já estão inactivos e dos quais ninguém mais se lembra - e isso assusta muita gente. Sou hipercrítica comigo e adoro que os outros o sejam também. É sinal que me levam a sério e estão atentos, tanto como eu. Decoro toilettes inteiras, e isso surpreende as minhas amigas que riem à gargalhada quando lhes digo aquilo que traziam vestido em tal dia e em tal situação. Gosto de dançar acompanhada, na rua e de pôr o rádio no máximo quando passa uma música de que sei a letra. Sou poeta na escrita, pragmática no pensamento, prática na acção, céptica na vida. E desconfiada.
Sou a primeira filha e a primeira neta, e isso fez com que me tornasse demasiado chata, implicante, e exigente, sobretudo com os meus irmãos e as coisas deles. E também sisuda demais, até para o meu gosto. Procuro constantemente o equilíbrio, e travo duelos sangrentos com o 8 e o 80, que teimam em 'monopolizar' as minhas acções.
Sou vaidosa, mas não o suficiente para me ver ao espelho nas montras. Sou corajosa, mas não o suficiente para tocar em bichos esquisitos. Sou calculista, mas não o suficiente para trair um amigo. Tenho outros tantos defeitos que não posso enumerar agora porque a idade já não me permite lembrar de tudo. Fica para o ano. Gosto do meu espaço. Mas gosto mais quando posso partilhá-lo. Nasci faz hoje 24 anos - "Ai, como o tempo passa", dizia logo de manhã a Titezinha, quando ligou a dar os parabéns - , o que faz de mim um fruto da 'colheita' de 85 que - modéstia à parte - é das melhores de sempre.

terça-feira, janeiro 13, 2009

Caos no aeroporto*


É feito de um ar pesado, o ambiente que se respira no aeroporto. Seja a que hora for, de partida ou de chegada, a entrada é feita de expectativa. Há no ar um tom pesado de apreensão. Há receio e curiosidade quando se olham os grandes ecrãs que listam os balcões do check-in ou a hora de chegada. Delay a vermelho intermitente. Landed a verde, letras gordas - e que parece - respiram de alívio. Há gente que se abraça na passagem pela segurança, lágrimas de saudades ainda nem foi a despedida. Gente que entra apressada com medo de perder um último abraço; confusão na fila por um último café falado em português; palavras a seco que nem a boca precisa de mexer-se para as mãos se tocarem. Recomenda-se juízo, precaução. Boa viagem. Entre abraços e beijos, aterro em mim. Apercebo-me da grandiosidade da decisão. Preparaste as coisas tão criteriosamente que parece que desde sempre ouvi falar desta viagem. Tanto que sempre foi um plano e nunca tinha pensado nela como realidade. E ela aterrou-me no colo sem me aperceber, leve, levezinha, uma verdadeira pena. Arrisco a solidão de ficar, sabendo que parto contigo, eu mesma, por momentos. Parto nas conversas, nos emails, nas confissões. Parto nos sonhos que ficaram por concretizar. Parto sem sair daqui - que alguém tem de ficar - mas indo e voltando também. Da partida, sabemos apenas quando vamos. Antes dela, é apenas uma miragem.

Não fico pela Portela à espera do regresso porque não gosto do barulho dos aviões. É agudo. É ensurdecedor. É dormente. Faz doer a cabeça. Mas confesso que gosto de regressos. É sinal que nas viagens, tudo muda e nada se altera. Dentro do caos do aeroporto, aquece-me a lei de Lavoisier. Nada se perde. Nada se ganha. Tudo se transforma.


*(Ou crónica sobre a partida e chegada; sobre a despedida e o regresso. Ou ainda uma carta à minha querida Meg)

Agenda em imagens


Por detrás de uma história - acreditamos - há imagens. Rostos que nos marcam, locais que não esquecemos, recordações que ficam guardadas e que, muitas vezes, registamos através de uma objectiva. Para partilhar convosco novos olhares, agora a cada segunda 2ª feira de cada mês, há estórias ilustradas Na Nossa Agenda. A primeira já lá está: é da Susana Marques...Um olhar sobre o Mussulo.


Neste nosso projecto - contamos convosco. A nossa agenda é vossa também! Vejam, comentem, e colaborem!

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Ela

Há um túnel fundo depois da estrada. Há caminhos por percorrer, paralelos, que nunca decidimos escolher e por onde, por isso, nunca passamos. Há sol em alguns locais, noutros há chuva, frio. Tempestade. Há estrada por pisar que nem sequer vemos, ou porque fica muito longe, ou muito alto, ou muito baixo. Não a vemos porque a nossa visão não chega a ela. Há surpresas, há guinadas, mudanças de direcção. Conduzimos carros rápidos, empurrados pelo vento. Acessíveis a muitos, ao dispôr de poucos. Guiamos a velocidades variáveis: às vezes rápidas, outras vezes lentas, tantas outras em velocidade de cruzeiro, que dá para apreciar a vista. Somos flexíveis. Adaptamo-nos. Deixamo-nos possuir. Somos aquilo que fazemos dela. E ela é tantas vezes madrasta como mãe.

Final Cut

Ou um pequeno realejo...:)

sábado, janeiro 03, 2009

Pequenina

Põe-se a água a ferver no fogão, para um café. Depois do jantar sabe bem uma bebida quente. Está frio lá fora, e cá dentro há a lareira que nos aquece e nos faz esquecer por momentos que estamos no pico do Inverno. E quando a água começa a ferver e apago o bico para o pó do café não fazer sair a água da cafeteira, lembro-me de ti. Café feito em casa, cheira e sabe a ti.
Cada vez que entro na tua cozinha, parece-me que estou noutra casa. Era uma casa cheia de vida. Quando chegávamos, havia sacos no hall de entrada. Cheirava sempre a sopa e logo que descíamos o degrau de madeira, à entrada da cozinha nova, a porta estava fechada e o vidro completamente embaciado. Estavas muitas vezes ao fogão, a cozinhar. Os teus cozinhados sabiam ao teu cheiro e fazias o maior arroz branco do mundo.
Ajudavamos-te a pôr a mesa, sempre com o guardanapo de pano para o avô e de papel para todos os outros. Quando íamos passar fins-de-semana, fazias as comidas favoritas de todos. Sopa de grão, rosbife, jardineira. Sabias exactamente daquilo que cada um gostava e não abdicavas de nenhum em detrimento de outro. Tinhas plena noção do conceito de família. Chamavam-te Pequenina. Não por seres baixa, mas por seres a mais nova dos três.
Agora, no hall há cartas por abrir, por pessoas que já não estão. Há uma porta de armário caída, cheira a inércia. Dantes, eras tu que varrias as escadas todas as manhãs. Era o despertar do dia, com um cigarro que nunca travavas no cantinho da boca e o avental já posto. O barulho da vassoura e da pá na alcatifa parece tão familiar como ausente. Há muito tempo que não o oiço. A cinza do cigarro às vezes ficava retida nos óculos, pendurados ao peito. Como quando cozinhavas e a farinha ficava também num mini-depósito nas lentes dos óculos graduados.
É destas tuas recordações que vive a minha memória de ti. Pequenos laivos que me lembram das tuas manias, de esconderes chocolates na gaveta da mesa de cabeceira, de compores o longo cabelo louros - de um louro quase branco - que só descobríamos quando, de manhã, tiravas os ganchos, desmanchavas a 'banana' e voltavas a penteá-lo. Fazias lembrar uma princesa nas fotografias de casamento. Tinhas uma postura real, quase de rainha, um porte sofisticado e uma importância de pilar. De quem tudo decide mas de quem raramente fica com os louros. Achava piada a que tivesses sempre uns sapatos de salto alto, no carro, do lado do pendura, que calçavas sempre que saías do carro. Entretanto, enquanto conduzias, levavas os chinelos que eram muito mais confortáveis para a tua condução. Sempre que íamos às compras, chegávamos a casa e punhas-te na entrada, sentada sobre os teus joelhos. Pegavas no talão e confirmavas com a nossa ajuda se tinha vindo tudo. Tinhas uma energia subtil, uma voz doce, uns olhos azuis-mar. Eras mais do que a pedra-angular daquela casa: eras a alma.

sexta-feira, janeiro 02, 2009

Sobre o abraço #2

Chegaste a boca à minha e deste-me um beijo terno, de saudades. Tentaste lembrar-te há quanto tempo isso não acontecia. Pegaste na minha cara e as tuas mãos percorreram-na sem medos. Sabes-me de cor. E isso não me assusta.
Deste-me um abraço que durou horas e depois foste embora. E eu tive vontade de prolongar o beijo durante anos, e sentir o teu abraço eternamente. Para além do tempo.

quinta-feira, janeiro 01, 2009

Ano Novo

Ficção de que começa alguma cousa!
Nada começa: tudo continua.
Na fluida e incerta essência misteriosa
Da vida, flui em sombra a água nua.

Curvas do rio escondem só movimento.
O mesmo rio flui onde se vê.
Começar só começa em pensamento.
Fernando Pessoa, Poesia