Páginas

Redes Sociais

.

sexta-feira, outubro 31, 2008

A lição de Charlie Chaplin

Smile though your heart is aching
Smile even though it’s breaking
When there are clouds in the sky, you’ll get by
If you smile through your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
You’ll see the sun come shining through for you

Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear may be ever so near
That’s the time you must keep on trying

Smile, what’s the use of crying?
You’ll find that life is still worthwhile
If you just smile

That’s the time you must keep on trying
Smile, what’s the use of crying?
You’ll find that life is still worthwhile
If you just smile

“Smile”, Charlie Chaplin

quinta-feira, outubro 30, 2008

"Ninguém escreve como eu"

"Ele não é personagem, o livro não tem personagens, não conta histórias. Cada vez mais os livros sou eu. Nem sei se sou eu. O que eu queria era pôr a vida inteira lá dentro. Os livros não são seus. É como os filhos: também não são nossos. Também não são de mais ninguém. São deles mesmo, se forem", António Lobo Antunes, escritor, em entrevista a Anabela Mota Ribeiro, in Pública, 12.10.08

quarta-feira, outubro 29, 2008

Ninguém vive por ti


Fecha os olhos e o tempo vai parar.
Encosta-te à cabeceira da cama, sente o friozinho na barriga, sente o corpo cair.
Respira-te, sorve o oxigénio que precisares, não abdiques do ar que é teu.
Inspira os teus ideais, os teus sonhos.
Equilibra forças com os teus pesadelos. Convive com eles.
Observa o passado de cima, abstrai-te do facto de teres sido tu a personagem principal dessa estória.
Aprende com as aventuras e com as desventuras.
Observa os teus movimentos passados.
Analisa-te. Elogia-te. Critica-te.
Planeia o futuro com a vivência do presente.
Respira-te.
Sê, contigo.

segunda-feira, outubro 27, 2008

O poema

Foi depois de umas férias quaisquer, alguns dias em que estivemos longe um do outro sem podermos olhar-nos nos olhos e sentir-nos o cheiro. Um ao outro. Tocou o telefone e ouvi-te dizer-me que precisavas de me ver. Sentia o mesmo já ia para séculos, e só consegui sorrir com a declaração de amor. Ainda em casa mas já com o pensamento ao teu lado, conseguia sentir o teu odor tão característico. Senti os teus olhos tocarem-me levemente e vi o teu sorriso mal entrei na tua rua. Estavas à porta, à minha espera. Subimos de mãos dadas, os dedos inquietos que nunca conseguem estar parados quando se tocam. O calor tão conhecido, tão familiar. Fechaste a porta e o tempo parou. Deste-me um abraço. Dei-te outro. Cheirou-me a ti. Na tua mão, dobrada em quatro, uma folha de papel pautado, escrita com a tua letra. Leste em voz alta. Dizia assim.
To see you, when I wake up is a gift I didn't think could be real.To know that you feel the same as I do is a three-fold utopian dream.You do something to me that I can't explain.So would I be out of line if I said, I miss you.(?)I see your picture, I smell your skin on the empty pillow next to mine.You have only been gone ten days, but already I'm wastin away.I know I'll see you again whether far or soon.But I need you to know that I care and I miss you.
Era - disseste tu - retrato fiel daquilo que tinhas sentido por estares longe de mim. Apeteceu-me dar-te um abraço por cada palavra. E dei.

terça-feira, outubro 21, 2008

Abana a cabeça a dizer que não


Nega. Diz que não fazes, que não fizeste. Nega que deixaste de telefonar, de te preocupar. Porque sabes... eras importante. Tinha-te em consideração. Convidava-te para vires, para estares. Achava que querias, também. Agora acho que já não queres. É que, de repente mudaste. E deixaste de ser a pessoa que eu conhecia. Fechaste-te em copas, sei lá. Faltaste. Falhaste. Com medo que te julguem? Com medo que não te apoiem? Com medo de quê, caramba?! Com medo que afinal uma amiga não seja realmente aquilo que aprogoa há anos? Com medo que as tuas alegrias possam contagiar? Com medo que o teu medo corrompa a vontade de estares? De existires? Tens medo de quê? Importas-te de me dizer? É que eu vejo-te afastar, vejo-te ficar na tua. Como se já não fizessemos parte de um mesmo universo, de uma mesma realidade. E de repente, encho-me de coragem e pergunto-te, afinal, o que se passa. Baixas a cabeça em sinal de arrependimento. E de vergonha. E finalmente, apercebes-te daquilo que realmente tens feito, ou melhor, daquilo que falta fazer. Eu vou estar lá nessa altura. Tenho a certeza. Só que a nossa amizade não pode ser unilateral como o tempo se encarregou de nos habituar.

Os meus braços, doridos, vão estar prontos para te receber. Para te aninhar quando quiseres. Basta vires.

segunda-feira, outubro 13, 2008

Do reencontro


Disse-lhe palavras ao ouvido, baixinho, para não a acordar. "-És linda", sussurrou, com a frescura de uma primeira vez. Aconchegou o lençol que descaía e deixava a descoberto o ombro. Olhou-a debruçado sobre a cama como que a adorá-la. As pálpebras brancas, quase transparentes, deixavam vislumbrar as veias arroxeadas. Os olhos azul celeste, agora tapados, eram únicos. Nunca os tinha visto senão nela. O nariz fino e alto, podia ser perturbador. Mas pelo contrário, encaixava na perfeição dos traços. A tez muito branca, a expressão dos olhos, os dentes muito brancos. Fez-lhe uma festa na cabeça. O cabelo louro, normalmente apanhado numa banana, estava solto e ainda conservava alguns ganchos esquecidos. Envolveu-a num abraço pequeno, como que a protegê-la.

Foi esse abraço que recordou naquela noite. Deitou a cabeça na cama e desejou estar a acordar na manhã do dia anterior. Queria rever tudo para perceber aquilo que lhe tinha falhado. Fechou os olhos e regressou ao hall do hospital. O verde das paredes, o cheiro a desinfectante, tudo regressou outra vez ao ângulo de visão. Voltou a ver a velhota a coxear, as macas no corredor, enfermeiros e médicos atarefados, máquinas a apitarem em sinal de alerta. Os pés a arrastarem-se-lhe por entre os mosaicos cor de rosa com pedrinhas brilhantes. Voltou a entrar no elevador e a subir ao terceiro andar. O percurso era o mesmo já há algumas semanas, não sabia precisar quantas. Desde que a doença tinha progredido até ao ponto em que deveria ser acompanhada 24 horas por técnicos especializados. Nesse dia, quando chegou ao quarto, a cama estava vazia.

Foram dias que pareceram séculos, horas que pareceram meses. O tempo arrastou-se de tal maneira que, às vezes, o próprio corpo teimava e enganava o sono, que já não o abandonava. Tinha vontade própria a necessidade de ficar por debaixo dos lençóis a sentir-lhe o cheiro. Depois do choque inicial, sentia-se em constante descarga eléctrica, sem querer acreditar que ela já não estava nem ia estar mais. Para ele, o primeiro a desaparecer seria sempre ele, tão mitigado por sustos, faltas de ar, arritmias. Vezes sem conta, tinha sido ela a marcar o 112, a chamar a ambulância, a receber os paramédicos. Tinha um coração cansado, o seu homem. Uns pulmões sujos pelos três maços de tabaco que fumou anos a fio. Quando iam para a praia, em Agosto, o ar húmido molhava os brônquios que não podiam com tanta humidade. Acentuavam-se as debilidades, chamava-se a âmbulância. Mas mal chegava ao hospital, tudo se desvanecia. Queria logo voltar, para casa, para o calor da cama, para a confusão das refeições, para o ruído familiar.

E agora, deitado na cama, recordava que sempre pensara ser o primeiro. Nunca tinha sequer imaginado ter de prosseguir sem ela. Sem a leve presença, e deveras importante. Era a matriarca da família, como o meu pai disse um dia. " A Petit era o suporte de tudo". Era mesmo. Sem ela, as coisas nunca voltaram a ser as mesmas.

O despertar era um martírio, mesmo nos dias em que os raios entravam sem autorização por entre as persianas mal fechadas. A noite passava em constante sobressalto, com despertares sistemáticos. Não dormia, nem sonhava. Ficava muito tempo enroscado, outrora 'lapa', agora rocha, sem vida. A roupa amontoava-se aos pés da cama, e às vezes cobria o corpo doentio, de quem não tem vontade senão de descansar. De não pensar. Na mente dele, apenas ela.

Tinha saudades dela a todas as horas. Sentia a falta daquela presença familiar, tantas vezes camuflada por entre a correria do quotidiano. O certo é que estava sempre lá e, de um momento para o outro, deixara de estar. Sem aviso, sem preparação. Teve de e contra vontade, adaptar-se a esta nova realidade. Prosseguir caminhada sem um braço, sem um olho, sem metade do coração. A ausência corrói, dói, faz dano. Sem avisar, deixou um vazio que só o reenconto pôde preencher.


Quero um amor que se confunda com a cor do céu.

E o teu cheiro para sempre no meu cabelo.

sábado, outubro 11, 2008

sexta-feira, outubro 10, 2008

Rendida


Já me rendi a ti. Agora estou só à espera de uma coisa.
(Rapta-me).

quinta-feira, outubro 09, 2008

Ensaio


A luz continua presa ao tecto
Por mais que se tente tirar
Está alta de mais
Ou encandeia os olhos
Ou queima quando se toca
Parece que sabe queimar
Parece que não tenho janelas
Não entra ar aqui (...)
Tira a mão quente dos olhos
Tira o frio da frente
Já tenho tão pouca gente para me encontrar
Desata-me os olhos, desata-me a cara
Desata o teu corpo dentro do meu
Tira-me a voz que puseste no tempo
Que não está a querer desistir
De pisar os membros no chão
De arrancar os braços no tecto
Tira-me de mim, vá tira-me de mim
Transforma o fraco em coisa forte porque tudo se renova...!

Toranja

Carta aberta ao meu amor II

Meu querido amor,
Todos os minutos passam devagar enquanto não chegas. Espero ansiosa pelo encontro, pelo momento em que vou poder abraçar-te.
Nem sempre as coisas foram como quisemos, e nós sabêmo-lo. Durante muito tempo, andámos desencontrados, entre turras e abraços. À procura do equilíbrio, puxámos tantas vezes pelo que pensávamos ser melhor. Empurrámos a vontade, tentámos impingir sentimentos, fazer-nos compreender ao outro como se isso fosse uma missão solitária. Tantas vezes nos sentimos tristes connosco por não nos sentirmos capazes de o fazer perceber ao outro. Sentimo-nos impotentes, sem escapatória. Houve alturas em que abraçar-te era, mais do que uma vontade, um refúgio.
Os teus braços sempre o foram. E a ternura com que olhamos um para o outro, a cumplicidade dos sorrisos, as palavras não-ditas que compreendemos. E todas as letras são poucas para mostrar a dimensão do meu amor. E todos os minutos grandes demais enquanto não chegas e curtos demais quando estás.
Não vejo a hora de chegares. Porque andámos desencontrados muito tempo. Mas os nossos corações sempre souberam o caminho um do outro. Os nossos corpos sabem de cor o percurso que têm de fazer para se completarem. Porque desde o primeiro momento soube que eras tu.
Reparo em ti e sinto que sou tua. Espero por ti no café da esquina e estás atrasado. Olho para o relógio. Bato o pé no chão. Apoio a cabeça na mão, em cima da mesa. Ansiedade boa, esta.
Vejo-te no fundo da rua. Sorrio. Sorris. Já estava com saudades tuas.

quarta-feira, outubro 01, 2008

'Fazer as malas'

Tanto tempo, na vidinha, sem grandes agitações...e de repente, as coisas mudam. Habituados à vida de sempre, a uma realidade que se tornou rotina, a termos as mesmas pessoas, sempre nos mesmos sítios, pensamos que a vida não pode mudar assim tanto, num ápice, num simples piscar de olhos. E de repente, previsivelmente ou não, de modo esperado ou surpreendente, as coisas mudam. Fazem-se malas, segue-se viagem. Mudam-se vidas. Num ápice dizem-nos que morreu, que entrou, que vai mudar de país, ou de continente, ou de vida. Que vai tentar ser feliz noutro sítio, procurar casa noutra realidade. Que se apaixonou e vai embora, atrás desse amor. Que, de um momento para o outro, a vida se tranfigura, o quotidiano se transforma, e deixamos de nos poder encontrar a todas as horas, quando apetece. Porque as distâncias, de repente, deixam de poder ser apenas psicológicas. Passam a ser físicas. Daquelas que é preciso entrar num carro, apanhar um avião, sonhar acordado. Embarcar.
Custa imaginar. Mas dá alento. Dá esperança. Dá vontade de mudar também.
A despedida custa a aceitar. Mas contrasta sempre com o bichinho da viagem. Com a expectativa.
E também, e claro, com o regresso. Boas vibrações.