Perguntou-me como é que eu estava, que tal tinha sido o ano, se a minha vida andava catita. Mas não lhe vi nos olhos a curiosidade de outros tempos, de outro dia há doze anos. Percebi que as coisas mudam, que a história nunca se repete, por mais que acreditemos que amanhã o sol vai nascer como hoje. E como ontem. E como há doze anos. Ele, provavelmente, também não me viu a surpresa disfarçada daquele Janeiro quando ele me pediu um beijo. O nosso primeiro beijo. A verdade é que, passado este tempo todo, ainda lhe reconheço o cheiro do perfume. E sorrio, sempre que me cruzo na rua com alguém que cheira a ele. Aquele perfume vai ser sempre o cheiro dele.