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quarta-feira, abril 15, 2009

Persistência

Se no domingo de ramos de há vinte cinco anos, a igreja de Arcos, em Anadia, não estivesse cheia para receber uma noiva vestida de branco, o dia de hoje não seria certamente o mesmo. Há vinte cinco anos, havia uma igreja, com seis degraus gastos à entrada, com bancos repletos de amigos. Há um quarto de século, um coro cantava nós as crianças, queremos brincar, com dedicação, e emoção, e carinho. Há vinte cinco anos, houve votos de um amor eterno, de um respeito mútuo. Houve leitura emocionada dos eleitos para ler no púlpito. Houve sessão fotográfica, e abraços sentidos e expectantes de que a felicidade daquele dia durasse para sempre. E uma promessa que juntou duas vidas numa só.
Houve uma festa grande, com taças de espumante da bairrada, e leitão, e um bolo branco e doce com várias camadas, para chegar para todos. Houve - imagino - música, e dança, e pulos. Houve um amor de verão que prometeu ser amor de uma vida, e eternizou-se ali. Entretanto, houve muitos dias felizes. E dias tristes. Uma mão cheia de rebentos.
Hoje recordam-se os momentos. Escreve-se uma música com letra adaptada, que lembra as viagens Alemanha-Portugal numa mota sem correntes nas rodas que tanto acelerou na neve. Recordam-se viagens, festas de anos, natais e outras comemorações. Lembram-se nascimentos, e uma panóplia de histórias, que começaram um dia na praia do Bom Sucesso sob - imagino - um sol quente de Verão. Decerto há mais de 25 anos houve um primeiro olhar que não recordo por não ter sido meu. Sinto-me só testemunha desta partilha de vida. Com buracos na estrada (mas quem não os tem?). Sinto-me prova viva de um amor de há mais de vinte cinco anos. Mas estas coisas das datas - dos dias assim contados - faz-me pensar no tempo como a única testemunha eterna viva. Colhe o dia porque és ele, dizia Ricardo Reis. 25 é persistência. Parabéns!

4 comentários:

Deb disse...

PARABENS DIGO EU!!!

Ainda ia a meio do texto e ja me estava a recordar do que contavas sobre as viagens Alemanha-Portugal numa mota. Tambem os meus Gordos namoraram de mota, mas em Ibiza.

Adorei a mao cheia de rebentos.

E que bom que valorizas esse significado dos 25, tal como eu. Eu bem sabia que eramos parecidas :)

plein de bisous

Zoca disse...

O que acontecerá nos 25 que se seguem???
Beijinhos
P.S. A música estava mesmo gira!!!

Meg disse...

E é tão bom partilhar essa entrega de tantos anos!Daqui a três dias podia escrever quase a mesma história, sem Alemanha, mas com África, no recordar de um dia que aconteceu já lá vao 35 anos. Mas o melhor de tudo isto, é nós, provas vivas desse(s) amor(es), podermos agora tê-los como exemplo*

Sarita disse...

25 anos, a mim, parece-me uma eternidade, mas isso é porque ainda nem lá cheguei! =) Parece-me maravilhoso que as pessoas consigam estes feitos e ainda deixem os melhores testemunhos: os rebentos! ;) Gosto de acreditar que estas histórias ainda são possíveis!

PARABÉNS!*