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segunda-feira, agosto 03, 2009

Primeiro de Agosto

É amanha dia 1 de Agosto /E tudo em mim é um fogo posto/Sacola ás costas, cantante na mão/Enterro os pés no calor do chão/É tanto o sol pelo caminho/Que vendo um, não me sinto sozinho/Todos os anos, em praias diferentes/Se buscam corpos sedosos e quentes/Adoro ver a praia dourada/O estranho brilho da areia molhada/Mergulho verde nas ondas do mar/Procuro o fundo pra lhe tocar/Estendido ao sol, sem nada dizer/Sorriso aberto de puro prazer, X&P



Estamos quase a chegar? - Perguntamos vezes sem conta, só porque sim. Tens de compreender que não é todos os dias que fazemos esta viagem. Só uma vez por ano sentimos que levamos a casa às costas e emigramos para a praia que conhecemos tão bem. Tens de compreender que não é todos os anos que aumenta trinta minutos a hora a que podemos chegar a casa, e que isso é motivo suficiente para que queiramos que os anos passem depressa e cheguemos cedo à maioridade. Porque durante muito tempo, pensamos que os dezoito são aquela idade em que, de um dia para o outro, tudo nos passa a ser permitido. Sem percebermos ainda que a confiança se conquista como se cria um filho. Dia-a-dia. Não vale a pena refilares, nem avisares que ainda falta, que podemos dormir um bocadinho porque a chegada ainda demora. Hoje é dia 1, a mala do carro vai cheinha como um ovo, e nós - não vale a pena insistires - não vamos dormir porque não temos sono. Põe o pé no pedal, acelera, e vamos. Que temos pressa em chegar, por mais que haja grandes probabilidades de estar a chover, de estar vento suão e das pessoas lá em casa estarem com os "azeites".
O caminho já é conhecido, mas parece sempre a primeira vez. Passamos o mosteiro da Batalha e já sabemos que falta pouco pouco para a entrada na autoestrada. E que depois da autoestrada, já falta pouco para chegarmos à ponte. Aí, podes acelerar, que é uma via rápida. Quando se chega à ponte, já sabes que tens de abrandar, não vão os radares apanhar a excitação transcrita nos quilómetros em excesso. Mas nãoi abrandes muito, que aqui já nós não conseguimos manter a alegria de vermos, mais uma vez, o farol vermelho e branco. Já nos cheira a maresia. A praia. E se abrirmos o vidro, já sentimos a humidade do mar apoderar-se do nosso cabelo. Quando propões o desafio de descobrir quem é o primeiro a ver o farol, sorris. Vejo-te, no retrovisor, orgulhosa. Inclinamos os quatro as cabeças, olhos esbugalhados, narizes alinhados, sem pestanejar, com medo de perder o primeiro sinal da Barra. Na rádio, deve passar qualquer coisa. Acho que também cantamos nas viagens. Fazemos aqueles jogos das palavras, e do limão. Por cima da ponte, há gente a andar de bicicleta. Gente que está a acabar as férias. Sei que durante o mês vai haver olás e despedidas q.b. .
Jantares de um grupo de amigos de verão, que se reúne a cada ano. Notam-se-nos as diferenças. Estás tão crescida. Os banhos no mar revolto da nortada. Os sete dias de marés vivas. As inundações de quando a ria enche até ao limite. E os passeios de bicicleta até à barra. As tripas com chocolate e canela. O vento frio e a chuva. Sempre a chuva, que teima deixar-nos algumas tardes livres para o Trivial. E quando chegamos finalmente, estacionas o carro e juntos tiramos as tralhas do carro. Arrumamos tudo em gavetas, penduramos cabides e fios-varão improvisados. Há que desinfectar a casa, limpar tudo bem. Subimos e descemos escadas vezes sem conta. Pelo meio vão aparecendo os amigos que já chegaram há mais tempo. Contam-se as novidades. A casa já tem vida. Acumulam-se as bicicletas à porta. A família chegou à praia. Sabemos que a partir daqui, começam as verdadeiras férias. Grandes, de verão. É bom rever os amigos. É triste deixá-los e dizer-lhes "até para o ano".
O engraçado é perceber que o tempo passa, aqui, tão devagar para nós. E que, mesmo que me esforce, vou pedir, por favor, mais ou menos a meio do mês, que me tragas de Rio Maior os livros do próximo ano. E desejar que as férias acabem depressa.

4 comentários:

Andreia disse...

Adorei a história da Costa Nova!

Roomate, estás super gostosa na foto :)

Kisses

Meg* disse...

*

Zoka disse...

E os buracos na estrada que insistias em passar sempre que me levavas no ferro da bicicleta???

Sarita disse...

=)