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domingo, julho 18, 2010

Do cabo que é verde

Sorri-lhe a medo, que nestas coisas nunca se sabe para o que se vai. Eles são espontâneos e têm pouco medo de ferir susceptibilidades. Retribuiu, como se fosse esperado que eu o chamasse pouco depois para ao pé de mim. Veio rápido, meio saltitante, com umas sandálias que acendiam e apagavam umas luzes nas solas. Contornou as cadeiras à volta da mesa e sentou-se ao meu colo. Ia escorregando vezes sem conta, que os calções de sarja beges não conseguiam parar quietos em cima do meu macacão de tecido escorregadio. E carregava-me nos joelhos, à confiança, a ver se eu o resgatava da queda a tempo de não ir parar ao chão. Falámos dos Gormitis, dos Transformers e do Faísca, o herói do Carros. Contou-me que tinha andado toda a tarde a brincar com a "Carol que é de chocolate". Que o pai não estava a jantar ali com os amigos da mãe. Que estava ainda a trabalhar. Falou-me com o sotaque do Porto e disse-me que o clube era o azul e branco. "Mas quando estriver contigo souê do Benfica, está beie?". Está bem, Rafael. Andámos a brincar com o camião dos micromachines, e com um helicoptero invisível que era não mais do que um papel amachucado. Deu-me um beijo de despedida e acenou-me com a mão pequena.

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