Pensei tratar-te por você - daí o 'caro' - mas sempre achei que quanto mais perto as pessoas estiverem (mesmo no trato), menos equívocos se criam. E hoje quero conversar contigo de igual para igual - que sei que não somos -, sem grandes artifícios. Podes tirar a gravata, e tira também esse ar pesado, ajeita como quiseres o teu cabelo grisalho. Não queiras estar sempre intocável, descontrai. Podes pôr as mãos nos bolsos durante a conversa, não precisas de estar sempre com esse ar inabalável de quem tudo sabe e nada quer aprender. Hoje, vamos conversar francamente, por favor.
Quero dizer-te que o teu discurso não me comove. As pessoas não têm de comover toda a gente, é certo. Bem sei que não comovo metade das pessoas que gostaria. Bem sei que não consigo que toda a gente me oiça com a vontade e com a atenção que acho que alguns assuntos merecem, e que não tenho super-poderes que façam alguém mudar de ideias só com a força dos meus argumentos. Depende muito dos dias, dos ambientes, dos feitios...mas sobretudo dos humores. E é difícil lidar com humores, muito mais do que com gostos, com opiniões, com ideais. Os humores diferentes do nosso são difíceis de gerir (quanto mais quando temos de os coordenar com os nossos). Por isso, digo-te José: compreendo que muitas vezes sorrias e tentes camuflar a indignação que te vai na alma e os olhares críticos dos outros com essa figura seca e sem brilho, a não ser o da tua pele. Mas olha, ouve-me: as pessoas gostam de gente firme...mas gostam, sobretudo, de gente. Real. Gente que sorri, que chora, que treme a voz quando fica nervosa, que levanta o olhar quando há algo no meio da multidão que lhe chama a atenção. Gente de carne e osso, sabes?
Pois.
Isso. Gente. E depois, as pessoas gostam de gente que sabe. Não falo do saber História, ou Geografia. Ou melhor, não falo só desse Saber. Falo de conheceres Lisboa, mas quereres conhecer Portalegre. Falo de gostares de visitar as grandes refinarias de Sines, como teres curiosidade em conhecer as descobertas de uma equipa de cientistas da Universidade do Minho. Falo de te empenhares em proporcionar a 250 mil alunos do Básico a possibilidade de terem um novo Magalhães, como de estares presente na inauguração de uma plataforma de internet artesanal criada por alunos do secundário de Piódão. Falo de números - pequenos e grandes. Que sendo pequenos e grandes, referem-se a pessoas. Falo também, dos teus números. Que são os teus quereres.
Quero dizer-te que o teu discurso não me comove. As pessoas não têm de comover toda a gente, é certo. Bem sei que não comovo metade das pessoas que gostaria. Bem sei que não consigo que toda a gente me oiça com a vontade e com a atenção que acho que alguns assuntos merecem, e que não tenho super-poderes que façam alguém mudar de ideias só com a força dos meus argumentos. Depende muito dos dias, dos ambientes, dos feitios...mas sobretudo dos humores. E é difícil lidar com humores, muito mais do que com gostos, com opiniões, com ideais. Os humores diferentes do nosso são difíceis de gerir (quanto mais quando temos de os coordenar com os nossos). Por isso, digo-te José: compreendo que muitas vezes sorrias e tentes camuflar a indignação que te vai na alma e os olhares críticos dos outros com essa figura seca e sem brilho, a não ser o da tua pele. Mas olha, ouve-me: as pessoas gostam de gente firme...mas gostam, sobretudo, de gente. Real. Gente que sorri, que chora, que treme a voz quando fica nervosa, que levanta o olhar quando há algo no meio da multidão que lhe chama a atenção. Gente de carne e osso, sabes?
Pois.
Isso. Gente. E depois, as pessoas gostam de gente que sabe. Não falo do saber História, ou Geografia. Ou melhor, não falo só desse Saber. Falo de conheceres Lisboa, mas quereres conhecer Portalegre. Falo de gostares de visitar as grandes refinarias de Sines, como teres curiosidade em conhecer as descobertas de uma equipa de cientistas da Universidade do Minho. Falo de te empenhares em proporcionar a 250 mil alunos do Básico a possibilidade de terem um novo Magalhães, como de estares presente na inauguração de uma plataforma de internet artesanal criada por alunos do secundário de Piódão. Falo de números - pequenos e grandes. Que sendo pequenos e grandes, referem-se a pessoas. Falo também, dos teus números. Que são os teus quereres.
Olha só: “Queremos chegar a 2020 com 40% dos cidadãos entre 30 e 34 anos com diploma, com formação de ensino superior". Pois. Eu também queria muita coisa. Mas sabes? Fez hoje quatro dias - é pouco, bem sei - que uma amiga muito amiga foi para Londres. E não é grave que tenha ido para Londres, que isso é uma aventura, e até é bom ter experiências diferentes. E o inglês bem falado e bem escrito dá sempre jeito. Não, não é esse o problema, José. O problema é que antes de ela ir para Londres - e se ter de despedir da amada Lisboa - ela estava na Alemanha. Antes disso, esteve em Bruxelas. E antes, na Alemanha. E perguntas tu: mas, e então? Então? Então que antes disso tudo, esteve cá, sim. A fundar um jornal. Um gratuito, desses a quem tu - aposto - rejeitas as chamadas quando alguém te liga. Que a propaganda não se faz nos gratuitos. Não é? E sabes quanto é que ela - licenciada, curiosa, bem formada, com tudo feito a tempo e horas - ganhava com isso? Zero, José. Zero. E ela é 5 estrelas. E não está em causa que as pessoas, depois do curso, não trabalhem de borla por uns tempos. Que a gente sabe que os cursos não dão mais do que coordenadas para a prática que se há-de treinar na profissão. No dia-a-dia. Mas José, ela não é a única. E sabes que mais, ela é já uma em muitas e muitos que estudam cá, são os melhores nas respectivas áreas, e além de todas as qualidades têm a coragem - sublinho, a coragem - de procurar noutros países aquilo que o deles - o tão amado país deles - não é capaz de lhes dar: condições para poderem viver nele e contribuirem para que ele cresça à medida que eles vão crescendo também. Vais perdê-los a todos. E qualquer dia não vais reconhecer a pátria. Porque a pátria é a nossa língua. E a nossa língua anda espalhada pelo mundo. Um dia destes, não vai sobrar um para contar a história.
6 comentários:
como te disse, adorei!!!
vamos partir-lhe a boca toda.
raisparta.
a minha irmã disse assim: "põe aí um like para mim". (porque ela estava com preguiça de ler e eu li em voz alta). ahahah
Estamos a precisar de dobrar o Cabo da Boa Esperança outra vez e com esse comandante não vamos lá não.
Consola-me conhecer alguns marinheiros como tu Mary Jo.
Que bom é ler-te.
Muito bem! Genial!
Eu não diria melhor. E o pior, é estar também a pensar se deva ou não fazer as malas. Enquanto trabalho nas férias e fora do meu horário como tu e como tantos. Mas acho que o José não quer saber. Sinceramente, acho que ele nunca vai querer saber...
O José devia ir apanhar na boca!
Tenho dito.
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