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domingo, janeiro 23, 2011

ressaca.

Acordar cedo com vontade de correr. Tranformar um duche num banho rápido, correr para dentro de umas calças, pôr a música a tocar nos ouvidos, dar uma volta rápida pelos sites portugueses, espanhóis e ingleses. Ver o que se passa. Ligar o rádio. Com sorte é hora certa. TSF. Acelerar à saída do parque, ouvir as notícias com atenção. Olhar para o relógio. Estou a horas. Mudar de estação de rádio. Pôr a música mais alta. Cantar. Pôr os óculos de sol, que o sol de Inverno é traiçoeiro. Conduzir como quem vai numa viagem diferente todos os dias. Avisar a Cat do acidente do IC19. Ou comentar uma qualquer notícia do dia numa mensagem rápida. Receber um comentário engraçado. Rir sozinha. Dia alucinante. Escrever, telefonar, perguntar, escrever, escrever. Perguntar. Telefonar. Despachar telefonemas de pessoas que ligam a saber como estou. Comer rápido, tomar café rápido, chá rápido, casa-de-banho rápida, conversa rápida, queixume rápido. Actualidade. Actualidade. Actualidade. As eleições deixaram-me nostálgica. Estou de ressaca.

terça-feira, janeiro 18, 2011

sexta-feira, janeiro 14, 2011

26.


Acordei um tanto ou quanto entupida. Dores de garganta. Sem febre. Tomei banho rápido. Vesti as calças de cabedal. E umas sapatilhas novas, prenda de aniversário. Lisboa está com nevoeiro cerrado hoje. Vim a pé para uma nova rotina que teima em não se me entranhar na pele. É defeito ou feitio? Não sei. Sei que hoje são 26 dias 14 de Janeiro. Contei-os eu.

domingo, janeiro 09, 2011

dum instante.

Ouvia-se um grito no quarto take daquele vídeo de porque-é-que-eu-quero ser jornalista, que inevitavelmente saltou ao ouvido dos entrevistadores. Essa foi a primeira vez que alguém de lá me viu corar. Depois, da vez em que escrevi aquela reportagem sobre o Parque dos Poetas. "Mas qual foi a tua ideia de ires para um sítio daqueles com uma ventania assim? Achavas que conseguias uma história, era?". Sim. Acredito que as boas estórias podem estar em qualquer sítio, ao virar de uma esquina, em cima de uma mesa, no meio de papéis perdidos. Já acreditava nisso e aprendi-o, ainda mais, aí. Contigo. Ensinaste-me que nem sempre as coisas são como nós queremos e que os sonhos podem cumprir-se todos os dias, como uma rotina das boas. Fizeste-me corar com elogios que eu não merecia assim tanto. E fizeste-me chorar lágrimas de quem tem mãos e pés atados frente a um grande amor perante uma qualquer imposição. Viajei contigo e através de ti, dediquei-te horas a fio do meu tempo - que depressa passou a ser nosso tempo -, escrevi caracteres que nunca pensei sobre assuntos que nunca imaginei. Contactei pessoas que são estórias nelas mesmas, conheci gente interessante, escrevi histórias boas de escrever e dei graças por isso, sabendo muito bem o que era sentir que se tem a melhor profissão do mundo. Trabalhei com as melhores pessoas do mundo: as mais sorridentes, as mais empenhadas, as mais amorosas, as com melhor memória, as que fazem as melhores perguntas e as que escrevem melhor. E fiz amigos, tantos que não podem contar-se pelos dedos das mãos. Decorei números de telefone, tentei contactar presidentes importantes e consegui falar com alguns dos mais importantes protagonistas do mundo. Fiz-me tremer com a importância das coisas. Escrevi sobre a Casa Pia, sobre a mina de San José e sobre a ModaLisboa. Fotografei o Obama, observei de perto o Karzai e quase perguntei uma ou duas coisas ao Zapatero. Quis conhecer o Assange. Fiz perguntas e cansei-me de perguntar. E fiz tanta coisa. Coisas que parecem demasiadas para tão pouco tempo. Fiquei sem voz e atordoada. Falhei horas de sono sem sacrifício e sacrifiquei almoços e jantares por horas de trabalho. Fui tão mas tão feliz contigo que não sei o que te dizer. Assim, num intante, já disse tudo. Fiz de ti a minha vida.