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domingo, janeiro 09, 2011

dum instante.

Ouvia-se um grito no quarto take daquele vídeo de porque-é-que-eu-quero ser jornalista, que inevitavelmente saltou ao ouvido dos entrevistadores. Essa foi a primeira vez que alguém de lá me viu corar. Depois, da vez em que escrevi aquela reportagem sobre o Parque dos Poetas. "Mas qual foi a tua ideia de ires para um sítio daqueles com uma ventania assim? Achavas que conseguias uma história, era?". Sim. Acredito que as boas estórias podem estar em qualquer sítio, ao virar de uma esquina, em cima de uma mesa, no meio de papéis perdidos. Já acreditava nisso e aprendi-o, ainda mais, aí. Contigo. Ensinaste-me que nem sempre as coisas são como nós queremos e que os sonhos podem cumprir-se todos os dias, como uma rotina das boas. Fizeste-me corar com elogios que eu não merecia assim tanto. E fizeste-me chorar lágrimas de quem tem mãos e pés atados frente a um grande amor perante uma qualquer imposição. Viajei contigo e através de ti, dediquei-te horas a fio do meu tempo - que depressa passou a ser nosso tempo -, escrevi caracteres que nunca pensei sobre assuntos que nunca imaginei. Contactei pessoas que são estórias nelas mesmas, conheci gente interessante, escrevi histórias boas de escrever e dei graças por isso, sabendo muito bem o que era sentir que se tem a melhor profissão do mundo. Trabalhei com as melhores pessoas do mundo: as mais sorridentes, as mais empenhadas, as mais amorosas, as com melhor memória, as que fazem as melhores perguntas e as que escrevem melhor. E fiz amigos, tantos que não podem contar-se pelos dedos das mãos. Decorei números de telefone, tentei contactar presidentes importantes e consegui falar com alguns dos mais importantes protagonistas do mundo. Fiz-me tremer com a importância das coisas. Escrevi sobre a Casa Pia, sobre a mina de San José e sobre a ModaLisboa. Fotografei o Obama, observei de perto o Karzai e quase perguntei uma ou duas coisas ao Zapatero. Quis conhecer o Assange. Fiz perguntas e cansei-me de perguntar. E fiz tanta coisa. Coisas que parecem demasiadas para tão pouco tempo. Fiquei sem voz e atordoada. Falhei horas de sono sem sacrifício e sacrifiquei almoços e jantares por horas de trabalho. Fui tão mas tão feliz contigo que não sei o que te dizer. Assim, num intante, já disse tudo. Fiz de ti a minha vida.

1 comentário:

nelma disse...

és brilhante e tenho um orgulho IMENSO por partilhar vida contigo.