éme wor(l)d
Não é um papel que define as coisas. Mas o teu nome está para o meu desde que eu nasci. Fui buscar-te o primeiro apelido, coladinho ao meu. Ofereceste-mo de graça, porque quiseste que, oficialmente, fosse já uma parte de ti, uma continuação tua. Mas ainda antes disso, já te reconhecia a voz. Durante meses falaste comigo, tocaste-me através de uma camada fina de pele que parecia não existir, de tão alta que sentia a tua voz, de tão forte que sabia a ligação. Nem quando tossias e eu tremia, o barulho me assustava. Porque eu sentia-me protegido sob a tua responsabilidade. Não sei porque me escolheste a mim, o que motivou esta escolha, como soubeste que era eu, que tinha que se eu e não outro qualquer. Mas – apesar do desconhecimento – pareces certa da tua escolha, não hesitas um instante que seja, manténs a pose mesmo quando duvidas de uma ou outra atitude, mesmo quando choras depois de me ralhares porque não me porto bem. Eu, de ti, não tenho a dizer mais do que o bem que me fazes, do bom que é um abraço teu, do doce a que me sabe um beijo vindo daí ou do agradável que é sentir o teu cheiro na minha roupa lavada e guardada com cuidado no meu armário. Fazes questão de estar sempre e de dar tudo o que tens. E continuo a estremecer quando sinto que te aproximas. Como no primeiro olhar – em que soube que eras mesmo tu aquela que me falava e eu não via, que soube que eras tu a encarregada pela minha alimentação cuidada e pelo calor e conforto (e até das canções de embalar e das festinhas à noite, quando eu estava mais inquieto). Um dia – penso tantas vezes – quero ser como tu. Continuo, como na primeira vez, a ter a certeza: a minha, não podia ser outra pessoa senão tu, mãe.
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