é rápido como as coisas se sucedem os dias passam e passam rápido demais também as horas que nem tenho tempo de pensar como deve ser em ti apressam-se-me os dias os minutos custam a tardar e eu que às vezes me esqueço que não estive hoje contigo e tivesse eu mais tempo para te abraçar seria tudo mais quente e mais saboroso e tão melhor aproveito este fôlego para dizer que tenho saudades e quero abraçar-te já que a vontade com tanto tempo ocupado vai comendo por dentro aquilo que eu sinto quando penso em ti e tenho medo de um dia acordar e pensar que já não te tenho mais aqui por isso vou correr agora não chegue eu atrasada e fique sozinha à tua espera por não ter chegado a tempo de te sentir ainda aqui
segunda-feira, novembro 30, 2009
terça-feira, novembro 24, 2009
sábado, novembro 21, 2009
Free Fall
Saímos cedo, ontem. Não quisemos perder a luz da manhã, que nada se lhe compara. E de repente já lá estávamos, no meio do jardim. As distâncias ali percorrem-se rápido, nem há o trânsito de Lisboa, que não conhecia. Nem sequer a peocupação de chegar depressa. E só isso, tira-nos a pressa e a ansiedade da chegada. Só queremos chegar.
Chamaste a atenção para as cores das folhas, mas eu já tinha reparado. Há nesta altura uma diferença ínfima. Parece que têm calor, as cores aquecem mesmo que a manhã esteja fria. E enquanto me ajeitas o cachecol ao pescoço, para não apanhar frio, dou comigo a abraçar-te e a pensar o quanto gosto de ti. Ontem, falámos de tantas coisas que já nem me lembro de todas. Falámos da escola em que já não ando, dos testes, dos manos, e falámos também das férias do próximo verão. E das cores que a Primavera trará entretantoo. E do Natal que se aproxima. Falámos de como gostas de ver passar as pessoas à janela de madrugada. E de como gostas de o fazer a fumar o primeiro cigarro do dia, mesmo antes de comeres. E do guardanapo - o único de tecido na mesa. Ontem falámos de ti e do teu trabalho - como nunca falámos. Decidi fazer-te todas as perguntas de que me lembrei e que nunca te tinha feito. Apanhámos as folhas do chão, construímos uma paleta de cores sem precedentes e admirámos os cogumelos perto do musgo, que se alimentam das primeiras chuvas. Pedalámos nas gaivotas no rio, baixámos a cabeça a passar por debaixo da ponte pequenina, pusemos uma moeda em duas bicicletas e fizemos uma corrida que fez estalar as folhas nos caminhos. E depois, ainda conseguimos cumprir com distinção o percurso de manutenção, com os exercícios já meio-apagados das placas das estações. Num instante, sem mais nem menos, ontem abraçaste-me. E eu senti que estavas ali ontem, como se o ontem fosse simplesmente ontem. E não apenas passado.
quarta-feira, novembro 04, 2009
terça-feira, novembro 03, 2009
Crónicas do reino de Marraquexe #2
Há despertador marcado para não nos atrasarmos para o pequeno-almoço. O dia de ontem foi longo e as pernas doem do cansaço. Mas nem esperamos pelo pipipi irritante para acordar. Há carros, carrinhas, autocarros, motas, bicicletas, burros, cavalos, carroças e charretes. Tudo à mistura numa rotunda que parece minúscula para esta enorme confusão. E acordamos com um taxista irritado que não quer esperar pelo semáforo verde para avançar e barafusta com os peões que tentam à pressão passar na passadeira com o sinal verde. Porque ali perde-se tempo de mais com o que se pára. Como se o tempo passasse depressa ali. Como se os dias se sucedessem sem uma palavra de amigos, sem uma imperial ao fim do dia. Sem um jantar-fora semanal. Há gente diferente todos os dias. Passaportes que entram e saem sem avisar. E gente que fala todas as línguas, como aqueles que conduzem, e aqueles que vendem carteiras e écharpes. E ainda aqueles com quem falamos nos restaurantes, e na praça, e à porta da Mesquita. E gente de todo o lado aqui, e é tudo tão diferente. E olhamos pela janela da sala do pequeno-almoço e pasmamos com o caos. Na pequena rotunda, tudo parece aleatório. Há carros e motas e carrinhas e autocarros e bicicletas e camiões e pessoas. Tudo à mistura. Sem regras, sem normas, sem caminhos instituídos. Sabem que podem entrar e que podem sair, independentemente dos outros. De repente, trememos. Uma bicicleta entra em contra-mão. Uns apitam, outros gritam, outros nem reparam. O caos estava instalado, por isso não volta a instalar-se. Só nós, na nossa pseudo-rotina semi-organizada, cheia de regras-e-normas-e-leis-e-hábitos estranhamos. Ali, é só normal. E nós (a)percebemo(-no)s (d)isso.
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