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sexta-feira, outubro 28, 2005

A cabeça e o Universo
Pessoa disse "Dói-me a cabeça e o Universo". Adoro a frase. Acho Pessoa o poeta perfeito. Tudo é lindo nos versos, sublime na sonoridade, sombrio e iluminado nos sentimentos.

A vontade de fazer, a obrigação de cumprir, a urgência dos prazos, o stress das horas, tudo me faz pensar no caos que Fernando Pessoa vivia quando falava nas duras dores de cabeça e de Universo. O misto de sensações experienciadas todos os dias revelam a fragilidade e a urgência da vida. De a viver.
A pressa com que os dias passam, a quantidade de coisas a fazer, a organização quase infalível do tempo fazem com que o nosso Universo sucumba ao cansaço e nos faça pensar naquilo que nos é essencial. Naquilo que nos faz acordar de manhã. Naquilo que nos preenche. Nos completa. Nos constrói. Nos liberta ou nos prende. No que é realmente importante. No que nos faz pensar. Naquilo que provoca dores intensas de universo.
E os dias passam...

Há dias em que acordamos, pensamos, comemos, falamos, estamos, rimos, choramos e não fazemos rigorosamente nada. As preocupações desaparecem, o dia passa a correr e a noite aparece sem avisar.
Esta semana tive um dia assim...
Acordei tarde. Bastante tarde para aquilo que é costume. Fiz coisas normais. Normalíssimas. Coisas que toda a gente faz, todos os dias, sem dar a mínima importância nem se aperceber. São feitas na correria dos dias, na urgência das horas, na pressão dos momentos. Mas houve sempre no ar uma sensação de completude, uma consciência de que tudo aquilo que não fiz foi muito mais do que tudo o que estou habituada a fazer.

Há pessoas que nos fazem sentir que os dias mais normais são ao mesmo tempo os mais especiais de todos. E fazem-nos crer que mesmo que não façamos nada, um dia assim pode ser do mais completo que há. Do mais compensador que existe. Do mais forte que se possa sequer imaginar.

2 comentários:

Deb disse...

Delicioso.
É essa dor de cabeça e de Universo que nos move, porque nada é mais vazio do que viver sem interpretar, sem observar a minúcia das coisas banais.
Nada é mais aliciante, ao menos para mim, do que imaginar como descreveria a pessoa que passa por mim a cada instante enquanto corro por entre essa azáfama de que falas...
Aliás, creio que não teria forças para correr entre as buzinas se não tivesse esse olhar para me entreter.
Obrigada por colorires o meu Domingo com estas palavras.

Tegui disse...

Olá Falsinha... Gosto mt de ler palavras sobre o grand FP, ainda por cima escrito por ti... Cm tás? Tnh saudaditas... Bjoka gand!!!!
P.S.: Vai ver o meu blog, tá lá um post q te diz respeito... (porque-eu.blogspot.com)