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terça-feira, janeiro 31, 2006



Coração nas mãos

O coração dela bate, bate, bate. O batimento é regrado, muito regular…pumpum, pumpum…
Aumenta quando o aparelho se aproxima. É um cone que tem na ponta uma esfera. É-me familiar desde que aquela pequenita nasceu e se tornou o ser mais importante da minha vida. Adoro-a tanto que nem eu mesma sei explicar e medir o quanto. Adoro-a desde que a vi…desde que a senti na barriga ondulante da minha mãe (desde aquela vez em que levantou a camisola que sujava sempre durante o almoço e vi uma onda, imaginei um bebé a pontapear as paredes do útero, a refilar connosco por não lhe darmos atenção)…desde que a imaginei.
Basta imaginá-la para sorrir, para sentir tudo de todas as maneiras. Saudades quando estou longe, alegria quando me faz rir, tristeza quando penso, ainda que num segundo, em perdê-la.
Esta distância que tento manter quando falo de alguém talvez seja apenas uma defesa para estes textos não parecerem apenas cartas dirigidas a um alguém determinado à partida.
Mas hoje é a ti, minha queridinha, que quero dedicar este humilde e sentido texto. Gostava de poder estar contigo aqui, ali, não interessa, num sítio qualquer. Gostava que te aninhasses como só tu sabes e me aquecesses a cama dez minutos antes de me deitar. Que me abraçasses e sentisse o teu coração, a tua pequena-grande coragem (porque és a mais corajosa que conheço) junto a mim.
Mas tu não estás aqui. E sinto o medo que te faz ter tiques. Porque és pequenina. Tens medo do escuro, medo de ficar sozinha, medo que te esqueçam, que não se lembrem, que não te dêem a atenção e o mimo que sei que (apesar de ser) nunca é demais.
Hoje estás com a mamã no hospital e a mana está aqui preocupada, a sofrer ao ver-te sofrer, quase a chorar por estares tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Claro que não é só por ti. Porque tenho a certeza que serás muito bem tratada e que tudo correrá bem. Mas só de pensar que num dia, muito muito longínquo te posso perder, dá-me vontade de correr para ti, dar-te beijos e passar o dia a abraçar-te, não te largar mais, e nunca mas nunca esquecer o cheirinho a bebé que todos aqueles que me conhecem têm conhecimento, só de me ouvir falar dele.
Adoro-te mais que demais…Mia. Não te preocupes (meu bebé para sempre)...a mana promete que vai correr tudo bem.

segunda-feira, janeiro 30, 2006



Mais um...

Este blog já me parece - o que dirão os meus leitores... - um cantinho publicitário. Mas a minha irmã Zoca não gostou da publicidade que dei ao blog do João e reclamou a promoção do seu espaço nestes modernos cantinhos de escrita. Quem quiser ler os textos que escreve, aceda ao seguinte blog: www.mitete.blogspot.com. (Agora um comentário à parte...ela ainda vive na ilusão de pensar que o meu blog-cujo-nome-ninguém-consegue-pronunciar-correctamente, é famoso!!Santa ingenuidade!!).

domingo, janeiro 22, 2006


Novo Blog...

Só para avisar todos os que acedem a este meu humilde e singelo blog, que o meu melhor irmão - e este elogio não é só por ele ser efectivamente o único - também aderiu a esta modita e criou o seu próprio espaço de escrita, divagação e crítica. Para aqueles que estiverem interessados em dar uma espreitadela, comentar ou simplesmente passar por lá e ver como é, aqui fica o endereço: www.chaimeoniu.blogspot.com

Costa Nova...a minha Velha Praia

Hoje fui à Costa Nova do Prado, a minha praia de eleição e onde volto sempre que posso. As casas às riscas, o cheiro a mar, o som das gaivotas, das ondas, as tripas com chocolate...tudo me é familiar. Muito.
Sempre que posso, sonho com uma casa, nessa praia, à beira-mar. Sempre que posso vou à praia, ver o mar, sentir a areia debaixo dos pés, ouvir o vento soprar baixinho e as ondas bater na areia e nas rochas do paredão.
Quando volto para casa, sonho com o regresso, com tudo aquilo que a Costa Nova já me trouxe, com todas as recordações que tenho desta praia, com tudo aquilo que penso vir ainda a viver nela.
Hoje na Costa Nova, tentei agarrar o sol...com o desejo de que possa aquecer os meus dias quando os sinto mais frios e mais cinzentos. Isto enquanto Agosto não chegar.

quarta-feira, janeiro 18, 2006


Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?

Agora que tudo acabou posso finalmente escrever, sentar-me, pensar, esclarecer-me, passar o lápis no papel...e escrever. Estou oficial e finalmente de férias!
Milhares de ideias passaram na minha cabeça e a única coisa que ficou (apercebo-me agora) foi essa sensação. Tudo o resto se foi com a vontade que tinha de o fazer. Refuto a minha "famosa" frase "Fechada para Balanço (porque não tenho tempo)". Não é disso que se trata (ou será que é?). A emergência dos pensamentos no cérebro, que me ligam directamente ao meu coração, afligem-me cada vez mais. Como os tremores de terra (do coração, quando te vejo).
Balança a minha alma. Ao longe caminhas na minha direcção, tudo pensado, duvidado e repensado, dissecado, como só tu sabes fazer.
Atravesso o corredor. Avalio. Tremor. Balanço: incerto. Turvam os olhos, o batimento acelera. Músculo que nunca se cansa.
É difícil, impossível recordar tudo aquilo que faz parte dos meus dias, aquilo que marcou os meus anos. É importante lembrar os grandes momentos, aqueles que ninguém esquece, mas também aqueles que teimam em aparecer nos mais íntimo dos pensamentos, por mais pequenos que sejam. Aparecem porque significaram muito mais do que aquilo que poderia suspeitar.
O último ano foi cheio de tudo. Há para todos os gostos. Quando estou bem disposta, triste, nervosa, totó, apaixonada, derretida, enciumada, impaciente, mal educada, simpática, má, egoísta, (in)flexível. Cada um é um misto de tudo e de coisa nenhuma.
Queria falar de tudo. Descrever com a mesma frescura, os mesmos pormenores, a mesma nitidez, tudo aquilo que me fizeram ver, sentir, experimentar. A frescura de uma brisa à beira-mar, o calor do fim de um dia de Verão, a suavidade de um “edredon” numa madrugada de Dezembro, o disparo de uma máquina que capta o momento e faz o tempo parar, o toque de uma chamada ansiada, o murmúrio de um “Adoro-te” dito-não-dito, o silêncio de um abraço, o bater de um coração. Tremor. Vejo o teu peito tremer. Aquilo que mais ninguém vê porque insisto em esconder com medo que desapareça. Sinto-o tão plenamente como se fosse agora.
Preciso viver para recordar aquilo que está nas entranhas, o que não vi, o que não quis ver, aquilo a que fechei os olhos. As histórias devem ser contadas como as notícias, no momento. Porque o tempo passa e o sentimento, por mais perene que seja, altera-se. Pensa-se e altera-se. Repensa-se e altera-se. E depois as histórias nunca são o reflexo exacto daquilo que foram realmente, o relato nunca é igual àquilo que se sentiu.
Os 21 atraiçoam-me. Os dias confundem a memória que se dissemina, se difunde e se perde em todas as palavras ditas e em todos os olhares lançados.
Temo não me lembrar já de todos os sentimentos – claro que não – que me invadiram durante este ano. Durante o mês que passou. Nem mesmo os do dia de ontem. Lembro-me que todas as experiências são coisas irrepetíveis e intransmissíveis e por isso não vale a pena tentar fazer perceber aquilo que sinto. Vê-se nos olhos. Nas palavras. Naquilo que sussurras e que pensas que de tão baixo, eu não ouvi. Nos 21 que me atraiçoam. Nos tremores de terra.
A terra tremeu outra vez. Várias vezes. Disseram-me. Ao que parece em dias diferentes mas horas iguais. É sempre à mesma hora. Uma. A primeira hora do dia. Parece que o dia começa quando a terra treme.
Legítimo?Como só tu sabes...sinto falta...e mais não digo.

sexta-feira, janeiro 13, 2006


Tempo voa...

Não tenho tido tempo.
Não tenho mesmo.
Aconteceram tantas coisas, a vontade de escrever é tanta e não tenho tempo. Pode parecer mentira mas não tenho mesmo. "O tempo urge e o círculo não é redondo". Grande máxima para quem o tempo é tão importante e para quem se preocupa tanto em aproveitá-lo ao máximo. Planos, horas, momentos, sonhos. Os dias sucedem-se e o tempo não pára... Não pára mesmo."Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui.". Milésimos, segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses, anos. 21 anos. (Que depressão!!). Que faço eu aqui? A urgência de ter que fazer arrepia-me quando penso no pouco tempo que tenho. Dia, noite, dia, noite, passam, como o tique-taque do relógio que não me deixa adormecer."Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes."Lembro os momentos, os instantes, tudo aquilo que senti. Flashes de recordações que aparecem sem pensar, sem querer, sem tempo para mais. Respiro. Apago a luz. Fecho os olhos. Penso. O tempo pára para mim. Adormeço. Toca, toca, toca, toca-me. Acordo.
Mas o tempo não parou. "Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive". Nunca pára.