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quarta-feira, janeiro 18, 2006


Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?

Agora que tudo acabou posso finalmente escrever, sentar-me, pensar, esclarecer-me, passar o lápis no papel...e escrever. Estou oficial e finalmente de férias!
Milhares de ideias passaram na minha cabeça e a única coisa que ficou (apercebo-me agora) foi essa sensação. Tudo o resto se foi com a vontade que tinha de o fazer. Refuto a minha "famosa" frase "Fechada para Balanço (porque não tenho tempo)". Não é disso que se trata (ou será que é?). A emergência dos pensamentos no cérebro, que me ligam directamente ao meu coração, afligem-me cada vez mais. Como os tremores de terra (do coração, quando te vejo).
Balança a minha alma. Ao longe caminhas na minha direcção, tudo pensado, duvidado e repensado, dissecado, como só tu sabes fazer.
Atravesso o corredor. Avalio. Tremor. Balanço: incerto. Turvam os olhos, o batimento acelera. Músculo que nunca se cansa.
É difícil, impossível recordar tudo aquilo que faz parte dos meus dias, aquilo que marcou os meus anos. É importante lembrar os grandes momentos, aqueles que ninguém esquece, mas também aqueles que teimam em aparecer nos mais íntimo dos pensamentos, por mais pequenos que sejam. Aparecem porque significaram muito mais do que aquilo que poderia suspeitar.
O último ano foi cheio de tudo. Há para todos os gostos. Quando estou bem disposta, triste, nervosa, totó, apaixonada, derretida, enciumada, impaciente, mal educada, simpática, má, egoísta, (in)flexível. Cada um é um misto de tudo e de coisa nenhuma.
Queria falar de tudo. Descrever com a mesma frescura, os mesmos pormenores, a mesma nitidez, tudo aquilo que me fizeram ver, sentir, experimentar. A frescura de uma brisa à beira-mar, o calor do fim de um dia de Verão, a suavidade de um “edredon” numa madrugada de Dezembro, o disparo de uma máquina que capta o momento e faz o tempo parar, o toque de uma chamada ansiada, o murmúrio de um “Adoro-te” dito-não-dito, o silêncio de um abraço, o bater de um coração. Tremor. Vejo o teu peito tremer. Aquilo que mais ninguém vê porque insisto em esconder com medo que desapareça. Sinto-o tão plenamente como se fosse agora.
Preciso viver para recordar aquilo que está nas entranhas, o que não vi, o que não quis ver, aquilo a que fechei os olhos. As histórias devem ser contadas como as notícias, no momento. Porque o tempo passa e o sentimento, por mais perene que seja, altera-se. Pensa-se e altera-se. Repensa-se e altera-se. E depois as histórias nunca são o reflexo exacto daquilo que foram realmente, o relato nunca é igual àquilo que se sentiu.
Os 21 atraiçoam-me. Os dias confundem a memória que se dissemina, se difunde e se perde em todas as palavras ditas e em todos os olhares lançados.
Temo não me lembrar já de todos os sentimentos – claro que não – que me invadiram durante este ano. Durante o mês que passou. Nem mesmo os do dia de ontem. Lembro-me que todas as experiências são coisas irrepetíveis e intransmissíveis e por isso não vale a pena tentar fazer perceber aquilo que sinto. Vê-se nos olhos. Nas palavras. Naquilo que sussurras e que pensas que de tão baixo, eu não ouvi. Nos 21 que me atraiçoam. Nos tremores de terra.
A terra tremeu outra vez. Várias vezes. Disseram-me. Ao que parece em dias diferentes mas horas iguais. É sempre à mesma hora. Uma. A primeira hora do dia. Parece que o dia começa quando a terra treme.
Legítimo?Como só tu sabes...sinto falta...e mais não digo.

5 comentários:

Anónimo disse...

Dizes que nunca vejo o teu blog e que sou uma desnaturada e que nunca venho ver o teu blog...! Então, aqui estou eu! Tenho que te dizer miúda, és bue da puxada! Acho que fiz parte de alguns desses momentos e numa coisa concordo contigo: tudo o que nos acontece, bom ou mau, se não nos mata, torna-nos mais fortes, torna-nos maiores! Força que eu estou contiogo! Bjinhux!* Mimi

Catarina disse...

É lindo o que escreveste. Doloroso, mas lindo.
E espero que realmente nunca te esqueças de TUDO o que aconteceu. Porque se aconteceu não deve ser esquecido, não deves esquecer, nem sequer deves querer esquecer.
É doloroso. Há horas que são de partida. Definitiva.
Agora chegou a hora de pensares em ti. Só em ti. Egocêntrica. Porque não?
Respeito. Uma palavra que todos deviam saber o que siginifica. E saber agir consoante a dignidade desta palavra.
E é por isso que estou aqui contigo. Porque te respeito e porque mereces ser feliz, muito mais do que aquilo que pensas poder vir a ser, muito mais do que aquilo que foste.
Porque nos magoam. Mas o rio continua a desaguar no mar e a água está sempre a renovar-se.
Era assim que te desejava ver. Renovada. Sem aquela tristeza que te invade tantas vezes. Sem tremores de terra. Porque, por vezes, o equilíbrio é sagrado.
Luta porque sei que não baixas os braços. Mas luta por ti, pela Mariana.
Porque te respeito e te adoro.
E porque só quero o teu bem.
Um sorriso.
Um beijo

Deb disse...

Aos poucos, as palavras esgotam-se. Não as da paciência, que para os amigos ela deve ser uma energia renovável. Mas as da retórica, as que convencem, as que acordam.
Mais do que nunca, agora tens tudo para acordar, levantar e dar um passo em frente. Literalmente, como na metáfora de um novo dia.
Imagino o que sentes, pois todos nós somos escravos do coração por algum tempo na vida. Tu já foste demais, não mereces, não mereces mesmo. Não te revoltes como se 'nós' não soubessemos, porque nós sabemos que não sabemos. Mas sabemos que uma atitude só pode partir de ti, daquela que adoramos e queremos ver sorridente por si mesma. Faz isso por ti, por favor. E um dia, na Deutschland, vais orgulhar-te disso, e ter pena do tempo (a mais) que perdeste.
Küsse

ARN disse...

Tanto para dar... e pelos vistos tens dado numa direcção errada!Racionaliza as paixões e fecha esse num baú... o coração dá trabalho miuda, é verdade... mas por muito difícil que seja começar uma nova fase pensa que só tens a ganhar com ela!

Anónimo disse...

Sim, tu consegues aguentar-te quando tudo o resto treme...! Mas só tu podes escolher o que achas que é bom ou mau para ti... Eu estou ctg para ambos os momentos! Bjinhux!*