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quinta-feira, dezembro 31, 2009

Deste ano. E do próximo

Foi um ano bom, este que hoje acaba. E se a vontade é prolongar aquilo que foi acontecendo, é fácil perceber que o tempo, por mais que se tente, nunca volta para trás. Importa perceber que, mais do que em todos os anos que já passaram, este foi o ano em que me apercebi da real importância do tempo. Daquilo que posso fazer com ele. E daquilo que ele pode fazer comigo. Connosco. Importa sublinhar as coisas boas, esperá-las eternas na memória. E guardar as menos boas, como post-its colados na mesa do hall da entrada, onde obrigatoriamente passo todos os dias. Mais do que um dia de balanço, este último dia de 2009 é altura de avaliar o ano como um dos melhores. Foi um ano de saudades, um ano de projectos, de sonhos e de concretizações. Ano de crescer, como todos os outros que passaram. E todos os que ainda hão-de vir.

segunda-feira, dezembro 28, 2009

Primeiras impressões

Gosto do frio quente. Da rua 'cold' numa cidade 'warm'. Das luzes de Natal de uma festa que se prolonga. E das cabines vermelhas. E dos autocarros vermelhos. E dos semáforos. Da luz. Até do anoitecer precoce. Podia ser feliz aqui.

domingo, dezembro 20, 2009

A terra tremeu

E eu não senti. E não sinto as mãos, geladas. E o coração, sinto-o frio também, que o Inverno nem sempre traz lareiras quentes nem colos com termostatos. Aqueço de vez em quando, com sorrisos à distância. Aqueço com as luzes de Natal na Lisboa fria das pessoas e dos afectos. Na Lisboa às vezes autómata e outras romântica. Dos amores e desamores. Aqueço no aeroporto graças ao sol de inverno que decidiu espreitar. Ou de uma mensagem simpática no telemóvel que me acorda ainda é de noite. Aqueço dos planos e das conversas, e do chá de frutos vermelhos às sete da manhã. E aqueço também - e, por fim - quando chego a casa e ligo o aquecedor. Que é quem me aquece melhor nas frias noites de dias cheios e tão vazios de sol.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

09.12.2009

Há um ano, um atestado fez sentido para mim. Num instante.

quinta-feira, dezembro 03, 2009

terça-feira, dezembro 01, 2009

Do jantar

Não há fila de espera a esta hora, que já é tarde para jantar. Encosta um braço ao balcão, espreita as sopas que há. Pede a de bróculos com parmesão. Só. São dois euros, obrigada. Pega no tabuleiro sem dificuldade, e o multibanco numa das mãos. Não anda mais de dois passos, afasta o banco e pousa o tabuleiro de madeira clara na mesa. Ajeita o casaco, senta-se e arruma o cartão no porta-moedas, não vá perdê-lo. Volta a levantar-se, pede-me para ler o jornal que está no topo da mesa, enquanto eu faço a chamada de fim de dia para o meu amor que está longe. E num instante, a sopa verde e light não lhe dura mais do que lhe toma a reportagem da 27.ª vítima de violência doméstica do ano. Consigo lembrar ao pormenor as palavras que li esta manhã enquanto tomava o café na pastelaria perto do trabalho. Acena que não com a cabeça, esfrega o olho esquerdo, ajeita o guardanapo branco no colo de ganga. E parece que entre ela e aquela página dupla, impressa durante a noite, não há senão o abismo de 24 horas. E uma realidade que partilha por lhe ser contada uma verdade que não era sua, mas passa a ser pelos olhos de outro que, com as palavras, trata de contar as histórias que os outros não puderam ver.