Escrevo-te todos os dias um pouco aqui, quando não te escreves tu em mim. Sei que herdei de ti tanto do que sou e aprendi outro tanto de ti também. Que, de tudo o que sou e de todo o resto que julgo ser, nem sei o que de ti veio e o que vinha comigo de origem.
Queria primeiro agradecer-te tudo aquilo que nos dás, todos os dias. Vai ser sempre bom lembrar-me de ti, porque de ti não ficam senão as palavras doces e preocupadas, os telefonemas em contínuo, e as surpresas. Escreves em poesia, falas em prosa, sentes tudo de uma maneira especial. E consegues demonstrar todos os dias que, por mais que a vida teime em mostrar o quanto pode ser azeda e madrasta, há sempre o açucar que pode encarregar-se de adoçar os dias mais amargos. Mexe os cozinhados com empenho e amor, como sempre tens feito. Aposto que guardaremos sempre connosco o teu dedo para a culinária, mesmo que mais 80 anos passem.
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