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terça-feira, janeiro 05, 2010

Electrodomésticos

Conheci-te debaixo de uma nuvem carregada de chuva, num dia sombrio de céu cinzento e de muito vento. Tinhas vestido um anorak branco que era um prolongamento da tua pele pálida e sem graça, que eu teimo em não apagar da memória. Como se fosses assim tão especial. Como se as tuas piadas me fizessem rir, apesar de não falarmos há tanto tempo e de já nem recordar o teu nome. A memória passa-me assim estas rasteiras, enquanto folheio as frases que escrevi só para que lesses aquilo que me passava pela cabeça e que nunca conseguiste decifrar-me nos olhos, apesar de teres lido todos os livros de instruções. Nunca percebeste que teres-me a olhar para ti não significava que eu fosse tua. E a receita para me entenderes era abrires o coração.

1 comentário:

Susana disse...

... às vezes não há palavras que cheguem, nem coração que aguente tanta descarga eléctrica!
bjo Maryjo