segunda-feira, março 30, 2009
domingo, março 29, 2009
Hora de verão
Noites quentes, brisa fresca. Saudades dos dias compridos, de chinelos no pé. Da toalha molhada no corpo que não se cansa de mergulhar no mar. Saudades do sol que parece não acabar. Da permanência fiel na praia quase vazia. Da companhia das gaivotas que pisam a areia já lisinha - trabalho de máquinas - enquanto o sol se põe no horizonte. Hora solarenga, cheia de tempos para viver devagar, sem pressas. Viver a sério. Tempo para apreciar o fim de tarde na calma de uma esplanada com o Tejo como testemunha. Tempo de abrir o vidro do carro e pôr o braço de fora, mais perto do ar que circula. Hora de ouvir música mais alto, de pôr óculos mais escuros, e de vestir o corpo com cores mais claras. Altura de preparar o que aí vem. Gosto de dias mais compridos. Que a luz se alargue para lá das horas. Hoje o dia permanece.
sábado, março 28, 2009
Contradi(c)ção
A rua a descer, calçada preta dos passeios por terras lisboetas. De locais e de turistas. Os carris do eléctrico que começam e acabam nele. E eu à frente dele, sabendo que não funciona durante a noite. E recordo as conversas sobre as noites daqui. E sorrio descarada; acho piada à conversa. E às coincidências. Bebo mais um gole da garrafa cheia de sangria preparada para o jantar que entretanto não se bebeu por ser demais. E a noite demasiado curta. E a bebida demasiado doce. E o pensamento demasiado longe. A cabeça em ti. Apeteceu-me dizer-te 'olá.'. Mas não cedi. Gosto de ter saudades tuas.
sábado, março 21, 2009
encontro imediato
encontro-me comigo numa esquina sombria para os lados de não sei onde, perto de não sei o quê. pergunto-me como estou - como se não soubesse já o que se passa. cínica comigo, sorrio rápida e nervosamente. e respondo em modo automático tudo bem. convenço-me que sim. mas também não era preciso esforçar-me por me convencer. conheço-me. e limpo-me a lágrima que corre apressada pela minha cara. reflexo do meu autoconhecimento. aninho-me. em mim. hoje estou sozinha. aqui. e em letras pequenas.
sexta-feira, março 20, 2009
quinta-feira, março 19, 2009
segunda-feira, março 09, 2009
Por mais que o calendário não diga, em minha casa é sempre dia da mulher
Em minha casa, a relação é de um para duas e meia. Porque somos cinco. E eles dois. Mas na família em geral, somos muito mais mulheres que homens. E isso tem vantagens. E desvantagens.
Sempre tive a noção da grandiosidade das mulheres da minha família. A minha bisavó – Ana -, que conheço apenas por fotografia, era uma mulher robusta, muito mais que o meu avô (o marido dela). Contam-me que era uma mulher muito forte, séria e muito exigente. Mas nas fotografias parece-me terna, atenta, carinhosa. Teve três filhos – duas mulheres e um homem. A minha tia-avó – Tereza – (uma das filhas da avó Ana) guarda até hoje um tacho com que faz ‘barriga de freira’, um doce conventual do qual só conta a receita a ‘pessoas especiais’. Acho que foi da avó Ana que ela herdou o gosto pela cozinha. Esta Tereza – com ‘z’, “à antiga”, é uma força da natureza. Enérgica, cheia de força, criou duas filhas – mais duas mulheres – sozinha. E claro, criou ‘a meias’ com a minha avó os quatro filhos dela – metade/metade. Dois rapazes e...claro...duas raparigas. É atenta aos pormenores, escreve muito bem e cozinha ainda melhor. Dá tudo o que tem - e também aquilo que não tem - mima netos, sobrinhos-netos, netos de amigas e de amigas de amigas. É um verdadeiro coração. E cheio.
A minha mãe é a segunda filha dos meus avós, mas tem postura de filha mais velha. Sempre foi a mais alta dos quatro. E a mais responsável. Tem umas pernas perfeitas, uma figura esbelta, uma paciência – como se diz - de Jó. Teve cinco filhos – um rapaz e quatro raparigas. Podia falar de cada uma em particular, mas somos tantas que fico por aqui.
As mulheres da minha família são protectoras. Muito, e especialmente em relação aos homens. Poupam-nos por serem minoria, por serem homens, por serem eles e não uma delas. E muitas vezes não percebo essa hiper-protecção. As mulheres da minha família são muitas. São galinhas, falam pelos cotovelos, gostam de opinar sobre tudo, de participar em conversas privadas que (esperam) tornam comuns. Gostam de mandar bitaites sobre roupa, opções de vida, dinheiros e até sobre o tempero da salada. As mulheres da minha família gritam e riem muito juntas. Ouvem-se e interrompem-se constantemente, Instalam a confusão com malentendidos, com palavras ouvidas de maneira diferente e com perdas de chaves que muito indignam e irritam o meu pai. As mulheres da minha família têm personalidades fortes, têm bom gosto e gostam de saber da vida umas das outras. São engraçadas, alegres e discretas. Sabem que ocupam um papel de destaque na família, e desempenham-no primorosamente.
Sempre tive a noção da grandiosidade das mulheres da minha família. A minha bisavó – Ana -, que conheço apenas por fotografia, era uma mulher robusta, muito mais que o meu avô (o marido dela). Contam-me que era uma mulher muito forte, séria e muito exigente. Mas nas fotografias parece-me terna, atenta, carinhosa. Teve três filhos – duas mulheres e um homem. A minha tia-avó – Tereza – (uma das filhas da avó Ana) guarda até hoje um tacho com que faz ‘barriga de freira’, um doce conventual do qual só conta a receita a ‘pessoas especiais’. Acho que foi da avó Ana que ela herdou o gosto pela cozinha. Esta Tereza – com ‘z’, “à antiga”, é uma força da natureza. Enérgica, cheia de força, criou duas filhas – mais duas mulheres – sozinha. E claro, criou ‘a meias’ com a minha avó os quatro filhos dela – metade/metade. Dois rapazes e...claro...duas raparigas. É atenta aos pormenores, escreve muito bem e cozinha ainda melhor. Dá tudo o que tem - e também aquilo que não tem - mima netos, sobrinhos-netos, netos de amigas e de amigas de amigas. É um verdadeiro coração. E cheio.
A minha mãe é a segunda filha dos meus avós, mas tem postura de filha mais velha. Sempre foi a mais alta dos quatro. E a mais responsável. Tem umas pernas perfeitas, uma figura esbelta, uma paciência – como se diz - de Jó. Teve cinco filhos – um rapaz e quatro raparigas. Podia falar de cada uma em particular, mas somos tantas que fico por aqui.
As mulheres da minha família são protectoras. Muito, e especialmente em relação aos homens. Poupam-nos por serem minoria, por serem homens, por serem eles e não uma delas. E muitas vezes não percebo essa hiper-protecção. As mulheres da minha família são muitas. São galinhas, falam pelos cotovelos, gostam de opinar sobre tudo, de participar em conversas privadas que (esperam) tornam comuns. Gostam de mandar bitaites sobre roupa, opções de vida, dinheiros e até sobre o tempero da salada. As mulheres da minha família gritam e riem muito juntas. Ouvem-se e interrompem-se constantemente, Instalam a confusão com malentendidos, com palavras ouvidas de maneira diferente e com perdas de chaves que muito indignam e irritam o meu pai. As mulheres da minha família têm personalidades fortes, têm bom gosto e gostam de saber da vida umas das outras. São engraçadas, alegres e discretas. Sabem que ocupam um papel de destaque na família, e desempenham-no primorosamente.
As mulheres da minha família são muitas. Tantas, que mesmo que não se comemore todos os dias o Dia Internacional da Mulher, lá em casa é sempre - e felizmente - o nosso dia.
domingo, março 08, 2009
Isso querias tu...
Fossem os lábios feitos da mais forte das colas, e colar-se-iam para sempre num beijo eterno. Querias tu nunca mais dizer-me adeus, até logo ou até já. Querias tu não ter nunca mais de te despedires de mim, ficando apenas a incerteza do próximo vislumbre. Que os nossos braços se envolvessem num abraço sem dormência; que os nossos corpos fossem atraídos por um íman inexplicável. Que a pele doesse com a distância e se colasse, assim, sem mais nem menos, pela mera presença. Que o céu fosse cinzento escuro sempre que não estivesses, que o mar se revoltasse e galgasse a terra ao ver-te partir para longe de mim. Que o vento fosse insuportável e arrastasse todas as árvores à tua partida...e as voltasse a plantar com as mais profundas raízes no momento do teu regresso. Que a mais terrível tempestade se levantasse mal virasses costas e me olhasses pela última vez com os olhos tristes e já cheios de lágrimas. E que o S. Pedro fosse tamanhamente alérgico ao mau tempo que convocasse todos os santos e os deuses e lhes exigisse que estivesses sempre perto de mim para que o sol brilhasse todos os dias e todas as noites.
Que o meu coração não batesse senão por ti. Seria -então - e apenas assim - atenuado o sofrimento por estares longe de mim.
quarta-feira, março 04, 2009
Colecção
Está arrumada por categorias, por cores, por letras, por texturas. Mais macios, mais densos, mais cheirosos, mais largos, mais simpáticos, mais amigáveis, mais sinceros. É difícil ordenar este género de pertences. Há elementos fáceis de ordenar, só de olhar é possível distingui-los dos outros, atribuir-lhes um nome, criar-les uma regra. Mas há outros que, por mais que se puxe pela cabeça, vão permanecendo na divisória dos indiferenciados. É impossível atribuir nome a qualquer coisa igual a outra, a um mesmo nome, a uma mesma cor. É aquela, esta, a outra. X, Y, Z, N. Não tem existência própria; é tão e somente outra depois da primeira. E isso já torna a primeira irrelevante. E junta as duas numa divisória de conjunto, onde as características comuns não são mais do que elementos que as distinguem das restantes, mas que não as distinguem uma da outra.
A caixa acumula pó nas prateleiras, vai transitando pela mala do carro, porque ele não gosta de a deixar pelos armários poeirentos do escritório, e gosta de a levar para casa, sempre a fazer-lhe companhia. Uma colecção assim, com tantos anos, guarda já elementos antigos, envelhecidos pelo tempo. Guarda gargalhadas, guarda imagens turvas de memórias que foram desaparecendo com o passar dos anos. Mas a perfeição do início não é a mesma de agora. Ninguém disse que coleccionar pessoas é fácil.
A caixa acumula pó nas prateleiras, vai transitando pela mala do carro, porque ele não gosta de a deixar pelos armários poeirentos do escritório, e gosta de a levar para casa, sempre a fazer-lhe companhia. Uma colecção assim, com tantos anos, guarda já elementos antigos, envelhecidos pelo tempo. Guarda gargalhadas, guarda imagens turvas de memórias que foram desaparecendo com o passar dos anos. Mas a perfeição do início não é a mesma de agora. Ninguém disse que coleccionar pessoas é fácil.
terça-feira, março 03, 2009
segunda-feira, março 02, 2009
Não percas tempo com parvoíces. Procura o que te faz feliz
El tiempo corre muy de prisa. Lo único que no te va a gustar de la vida es que te va a parecer demasiado corta.
domingo, março 01, 2009
Madrid me mata, me pone, y me encanta
Subscrever:
Mensagens (Atom)