Fossem os lábios feitos da mais forte das colas, e colar-se-iam para sempre num beijo eterno. Querias tu nunca mais dizer-me adeus, até logo ou até já. Querias tu não ter nunca mais de te despedires de mim, ficando apenas a incerteza do próximo vislumbre. Que os nossos braços se envolvessem num abraço sem dormência; que os nossos corpos fossem atraídos por um íman inexplicável. Que a pele doesse com a distância e se colasse, assim, sem mais nem menos, pela mera presença. Que o céu fosse cinzento escuro sempre que não estivesses, que o mar se revoltasse e galgasse a terra ao ver-te partir para longe de mim. Que o vento fosse insuportável e arrastasse todas as árvores à tua partida...e as voltasse a plantar com as mais profundas raízes no momento do teu regresso. Que a mais terrível tempestade se levantasse mal virasses costas e me olhasses pela última vez com os olhos tristes e já cheios de lágrimas. E que o S. Pedro fosse tamanhamente alérgico ao mau tempo que convocasse todos os santos e os deuses e lhes exigisse que estivesses sempre perto de mim para que o sol brilhasse todos os dias e todas as noites.
Que o meu coração não batesse senão por ti. Seria -então - e apenas assim - atenuado o sofrimento por estares longe de mim.
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