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terça-feira, janeiro 19, 2010

Ao sétimo dia.

O que eu dava para estar lá, para ir para lá. Para assistir, para reportar, para ver e contar as histórias. Para as poder escrever duramente. Para perceber o que é assistir à perda sem nada poder fazer. Para doer no coração a falta de água, para dar valor ao que tenho, ao que tive, ao que não tive, ao que ainda hei-de ter. O que eu dava para poder ir sem pestanejar. Para ajudar. 75 mil mortos oficiais. Desaparecidos. Caras que nunca mais se verão. Nunca mais serão beijadas. Corpos que nunca mais serão abraçados. Conversas perturbadas pelo espirro arrebatador de uma terra a que chamavam casa. E agora, ao sétimo dia, nada mudou. As caras são as mesmas. As dúvidas as mesmas. Só os números mudam. Acumulam. Morte. Morte.
Há uma semana o meu pensamento estava aqui. O que eu dava para o escrever. E o que eu dava para nunca ter podido escrevê-lo.

3 comentários:

Catarina disse...

arrepiei-me...

ia para lá também. é com estas coisas que me apercebo que somos mesmo pequeninos...

beijinho**

ARN disse...

Também queria ir.

JPC disse...

lê as reportagens do Paulo Moura, no Público :)