Vou acordar cedo como gosto e vou correr para não me atrasar. Como sempre. Com sorte, vou conduzir sem ter de parar nos semáforos, que o caminho faz-se a caminhar. Quero que não chova hoje - que eu não gosto nada de chuva - sobretudo em dias especiais. E hoje é um dia assim. Pego em mim e corro depressa, como sempre, numa vida que é quase uma acelera que não falha a marcha, mesmo que às vezes se meta por becos sem saída. E quero que o dia seja assim perfeito, que não quero aborrecer-me com coisas sem importância. Quero escrever. Escrever muito. Cansar-me de escrever, descansar de escrever, e redescobrir-me a escrever. Quero olhar para as coisas e sentir-me dentro delas, num aquário do qual me alimento e do qual depende a minha sobrevivência. E depois quero ler as palavras e sentir-me ali, rever-me nos substantivos, nos verbos. Nos sujeitos e nos predicados. Quero deixar a minha marca nos dias que vivo, nas vidas que passam por mim. E deixar-me aí, nesses lugares, é deixar as história dos outros em mim fazer história nos recantos que percorro, tantas vezes apenas em imaginação. Que eu sou louca por viagens. E sinto que o mundo é um sítio que merece ser descoberto e descrito letra a letra. Que é como quem diz, lugar a lugar. E entre as letras, vou receber palavras engraçadas, abraços apertados. E vou ter saudades dos que não me ocupam os dias fisicamente, ou dos outros ainda que as horas teimaram afastar. Quero - depois de tudo isto - merecer dançar. Muito. Rodopiar em cima do meu corpo. E esperar activamente que esta coisa do aniversário me passe. Que isto de ser um dia especial meio camuflado no meio de um dia normal, deixa-me algumas dúvidas.
1 comentário:
Parabéns! Por muitas coisas!
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