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terça-feira, junho 29, 2010

A tua praia

Não sou, sei bem. Não te faço bater o coração mais rápido, nem te tiro a respiração ao passar. Ficas para aí, deitada na toalha, à espera que o sol venha a seguir à última nuvem. Mas de repente a noite volta outra vez, e o dia é mais curto, e estás outra vez sozinha. Pega-me na mão. Pega-me na mão, já disse. Entrelaça-me esses dedos uns nos outros e não te sintas mais sozinha, que estás aqui só para ti. Não desconfies dos que te passam a mão pelo cabelo, te elogiam a escrita, te gabam a voz. Acredita no que te dizem, que tu és especial, tu és única, tu és bestial. Não contraries o coração empedernido que deixaste de sentir. Mesmo que a cabeça feita água queira contrariar-te os dedos que teimam em escrever as mensagens no teclado a que tiraste o som. Ou é, ou não é. Agora, isto de quereres fazer bater o coração com meias massagens cardíacas sem aplicação de choques eléctricos, não. Que o coração de pedra não aguenta palavras meias. Só vai tornar-se mais duro.

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