Os pés pequenitos andam devagar, serenamente, incessantemente. Porque os pequenos têm de dar passos mais certeiros, e o tempo de reflexão nunca é tempo perdido. Há que decidir melhor, leve o tempo que levar. Pés pequenos, por terem de procurar as melhores pedras onde saltitar e por terem de planear melhor os próprios saltos, caminham certeiramente ano após ano. Cansam-se muito, porque caminham em dobro. Mas ao mesmo tempo há neles a serenidade de saberem certas as decisões, de tão pensadas e reflectidas. Pés pequenos para grandes passos. Porque são mais certeiros. Porque sim.
sexta-feira, dezembro 28, 2007
Pés saltitantes querem anos novos. Passos pequenos, por mais que a calçada seja irregular e escorregadia, são a melhor maneira de caminhar. Com precaução, é possível que as casas se construam a partir de alicerces fortes. Podem ter cores gritantes, gostar de festa e de alarido, mas não deixam de ser fiáveis e, em última instância, de confiança.
Os pés pequenitos andam devagar, serenamente, incessantemente. Porque os pequenos têm de dar passos mais certeiros, e o tempo de reflexão nunca é tempo perdido. Há que decidir melhor, leve o tempo que levar. Pés pequenos, por terem de procurar as melhores pedras onde saltitar e por terem de planear melhor os próprios saltos, caminham certeiramente ano após ano. Cansam-se muito, porque caminham em dobro. Mas ao mesmo tempo há neles a serenidade de saberem certas as decisões, de tão pensadas e reflectidas. Pés pequenos para grandes passos. Porque são mais certeiros. Porque sim.
Os pés pequenitos andam devagar, serenamente, incessantemente. Porque os pequenos têm de dar passos mais certeiros, e o tempo de reflexão nunca é tempo perdido. Há que decidir melhor, leve o tempo que levar. Pés pequenos, por terem de procurar as melhores pedras onde saltitar e por terem de planear melhor os próprios saltos, caminham certeiramente ano após ano. Cansam-se muito, porque caminham em dobro. Mas ao mesmo tempo há neles a serenidade de saberem certas as decisões, de tão pensadas e reflectidas. Pés pequenos para grandes passos. Porque são mais certeiros. Porque sim.
quinta-feira, dezembro 27, 2007
O futuro nos livros
Quando eu era pequena e os dias passavam devagar eu cansava-me das férias. A chegada de dias de férias era mais valorizada, creio que pelas festas na escola no dia antes. Gostava mais das festas de despedida de "Bom Natal" ou "Até para o ano", das recomendações das professoras de "Não se esqueçam de continuar a ler no Verão!" do que propriamento do dia em que não seria obrigatório acordar cedo para ir para as aulas. Gostava mais dos concursos de playback e das festas dos slows da adolescência no refeitório do que do prazer de dormir até mais tarde. E passados uns dias tinha vontade de voltar para a escola. Sempre me cansei das férias e muito especialmente das férias grandes. Sim, porque as férias de Verão eram mesmo grandes, senão enormes férias! Começavam no fim de Junho e só acabavam em meados de Setembro e o tempo rendia tanto que chateava não ter nada para fazer durante dois, quase três, longuíssimos meses de Verão.
Nas minhas férias de Verão, longas e pachorrentas, os meus dias passavam vagarosamente. O tempo, de tão lento, cansava de aborrecido. O tédio era esquecido quando, em meados de Agosto, os novos livros vinham para casa. A partir daí, podia sonhar em planear o novo ano, que aí já fazia sentido. É preciso bases sólidas para começar qualquer coisa. Sem pilares que sutentem, nada vinga nem anda para a frente. Os livros eram os meus pilares fortes num todo de "dolce fare niente", passageiro-permanente das férias de Verão. Os livros vinham, e eu, adorava cheirá-los, folheá-los, ver o que aprenderia logo logo em Setembro (que já estava tão próximo e ao mesmo tempo tão longínquo). Forrava-os com papel de bonecos, primeiro, e depois, transparente, que facilitava a idenificação. Era todo um ritual, este de folhear, cheirar, forrar, voltar a folhear, descobrir o futuro. E as páginas dos livros novos, a cheirar a coisas novas, serviam de base para planear o futuro e exerciam uma espécie de encantamento em mim, que ainda agora eu não consigo negar.
quarta-feira, dezembro 19, 2007
quinta-feira, dezembro 13, 2007
Suspiro Jornalístico em LISBOA
Queria poder ter feito parte da cobertura deste Tratado. Quantas vezes estive durante a manhã de cabeça e coração no Mosteiro dos Jerónimos, a imaginar o ambiente. Preciso de mais do que ser espectadora dos acontecimentos. Quero participar, quero estar, ver, ouvir, quero colaborar. Quero sentir que o mundo sabe mais de si e que eu participo nessa partilha de estórias! Quando é que eu vou poder finalmente deixar de ser uma jornalista de secretária?
quarta-feira, dezembro 12, 2007
(Para ouvir ao ler)
Passear contigo é sentir que quando caminho não estou sozinha. É o descomprometimento de pôr as mãos nos bolsos sem medo de não te dar a mão. É sentir o vento frio na cara, transpirar de calor, sentir o sol a pique no nariz, a iluminar-me o rosto. É compor a gola do casaco e sentir um beijo teu. É o teu cheiro, sempre tão familiar. Saber que estás lá. Saber-te minha. Passear contigo é o misto mais agradável de descontração e apreço. É abraço sem contacto e contacto sem toque. É cumplicidade. Passear contigo é saber-te minha e saber-me tua. De alma, coração, confiança. É sentir que me sabes tantas vezes a tanto, e outras tantas a tão pouco.
quarta-feira, dezembro 05, 2007
O metro, a cigana e as lágrimas teimosas
Coberta de preto a velha cigana senta-se no banco do metro. Vai nervosa, ansiosa, nota-se-lhe uma instabilidade latente.
As rugas de expressão que acompanham a cara escura, outrora simples e encantadora, carregam a carga emotiva que a transfigura. A velha cigana aperta as mãos devagar. Baixa a cara, vêem-se-lhe as riscas na testa de tanto a engelhar, do sol, da vida. Depois, a cabeça entra quase entre os ombros e começa a gemer muito baixinho. Aperta os dedos contra os olhos num movimento repetido e aflitivo. Desespera, chora baixinho e sem lágrimas. Vida dura, corpo cansado. Mãos marcadas pelo passar dos anos, agora denunciado por não conseguir chorar.
Não chora a velha cigana vestida de negro. Geme de tanto tentar e não conseguir. A velha Lisboa entrega-se-lhe depois, quando sair do metro e vir a luz do dia. Corre e mostra-lhe que o dia é muito mais do que aquela velocidade a que o metro percorre os finos carris debaixo da terra. Se vivesse sempre como topeira nunca poderia sequer supor...tentar por momentos imaginar...adivinhar aquilo que se passa na vida daquela velha cigana de pele bonita. As rugas marcam os caminhos daquela cara viajante. Mas o tormento...sim...o tormento é a evidente dificuldade que as lágrimas têm de lhe percorrer a cara. Uma dificuldade em não saber ou em não conseguir chorar.
Coberta de preto a velha cigana senta-se no banco do metro. Vai nervosa, ansiosa, nota-se-lhe uma instabilidade latente.
As rugas de expressão que acompanham a cara escura, outrora simples e encantadora, carregam a carga emotiva que a transfigura. A velha cigana aperta as mãos devagar. Baixa a cara, vêem-se-lhe as riscas na testa de tanto a engelhar, do sol, da vida. Depois, a cabeça entra quase entre os ombros e começa a gemer muito baixinho. Aperta os dedos contra os olhos num movimento repetido e aflitivo. Desespera, chora baixinho e sem lágrimas. Vida dura, corpo cansado. Mãos marcadas pelo passar dos anos, agora denunciado por não conseguir chorar.
Não chora a velha cigana vestida de negro. Geme de tanto tentar e não conseguir. A velha Lisboa entrega-se-lhe depois, quando sair do metro e vir a luz do dia. Corre e mostra-lhe que o dia é muito mais do que aquela velocidade a que o metro percorre os finos carris debaixo da terra. Se vivesse sempre como topeira nunca poderia sequer supor...tentar por momentos imaginar...adivinhar aquilo que se passa na vida daquela velha cigana de pele bonita. As rugas marcam os caminhos daquela cara viajante. Mas o tormento...sim...o tormento é a evidente dificuldade que as lágrimas têm de lhe percorrer a cara. Uma dificuldade em não saber ou em não conseguir chorar.
segunda-feira, novembro 26, 2007
Brinde a Lisboa que ela é nossa!
À subida do elevador de Santa Justa, da Av.da Liberdade à Emeroteca, com toalhas do chinês roubadas, na mão
A estranho desaparecimento da Raquel, no bairro, na noite dos anos da Cat
Ao marretas e ao vaca louca, onde "avacalhámos" tantas noites
Ao mercado da Ribeira com carne e fumo na casa de banho e cigarros nas escadas e sangria no sangue
Ao marquês de Pombal, ao chinês do karaoke da despedida das Saras e da Cat
Ao cup do Saldanha, os gelados oferecidos e as mesas guardadas
Ao Picoas, à esplanada, à biblioteca e ao storia del café
À esplanada amarela, aos elevadores avariados e às casas de banho sem papel higiénico da fcsh
Ao campo pequeno da Deb, das garraiadas e da loja onde não vamos comprar nada
À casa da Cat com cafés confidentes, à casa da açoriana com lasanha da boa, à casa da sara de lagos com petiscos de fada-do-lar
À rua Castilho e à avaria do C3
À rua Augusta, à Brasileira, à Rua Garrett e à Av. da Liberdade dos passeios
Ao Bairro Alto, Lux, Loft (e People) das noitadas
À queda da açoriana na 24 de Julho
À Praça de Espanha, à Gulbenkian
À vista da Ponte..quando voltámos da Aroeira ou do MUN
À beira-rio, ao técnico, palcos privilegiados de aventuras surreais
A tudo aquilo que é Lisboa e a tudo o que testemunhou...
Onde cada cantinho tem uma história nossa por contar...
Um brinde a Lisboa...cidade Vocc!
À subida do elevador de Santa Justa, da Av.da Liberdade à Emeroteca, com toalhas do chinês roubadas, na mão
A estranho desaparecimento da Raquel, no bairro, na noite dos anos da Cat
Ao marretas e ao vaca louca, onde "avacalhámos" tantas noites
Ao mercado da Ribeira com carne e fumo na casa de banho e cigarros nas escadas e sangria no sangue
Ao marquês de Pombal, ao chinês do karaoke da despedida das Saras e da Cat
Ao cup do Saldanha, os gelados oferecidos e as mesas guardadas
Ao Picoas, à esplanada, à biblioteca e ao storia del café
À esplanada amarela, aos elevadores avariados e às casas de banho sem papel higiénico da fcsh
Ao campo pequeno da Deb, das garraiadas e da loja onde não vamos comprar nada
À casa da Cat com cafés confidentes, à casa da açoriana com lasanha da boa, à casa da sara de lagos com petiscos de fada-do-lar
À rua Castilho e à avaria do C3
À rua Augusta, à Brasileira, à Rua Garrett e à Av. da Liberdade dos passeios
Ao Bairro Alto, Lux, Loft (e People) das noitadas
À queda da açoriana na 24 de Julho
À Praça de Espanha, à Gulbenkian
À vista da Ponte..quando voltámos da Aroeira ou do MUN
À beira-rio, ao técnico, palcos privilegiados de aventuras surreais
A tudo aquilo que é Lisboa e a tudo o que testemunhou...
Onde cada cantinho tem uma história nossa por contar...
Um brinde a Lisboa...cidade Vocc!
terça-feira, novembro 20, 2007
Bonito, não?
"De modos que te amo.
E sinto tão gravemente a tua falta,
como quem sente a dor num braço que já não tem.
E perco-me em ti
viajando com os olhos
no infinito branco do tecto do quarto
que por segundos podia ser nosso.
Quero-te portanto.
Mais do que me quero a mim...
Ou pelo menos de igual forma,
que este tipo de sentimentos não se querem altruistas.
Espero-te!
Com a ansiedade a empurrar-me o coração,
ora para trás ora para a frente.
Pois é assim que se deve esperar...
Espero que chegues,
que largues os sacos das compras
que desligues a luz e te atires para mim."
segunda-feira, novembro 19, 2007
Cheirinho de Castanhas é cheirinho a Lisboa
Em busca de uma reportagem fui caminhar por Lisboa. Não que só uma reportagem justifique fazê-lo...pelo contrário. Desde que me lembro que caminho por Lisboa. Muitas vezes com objectivo, outras vezes sem destino, sempre a observar o que se passa. E Lisboa, nesta altura. sabe mesmo bem.
Procurei uma rua, depois das explicações do H.. A companhia conhecia pior que eu a cidade. Descemos as escadinhas da descida íngreme (será que uma descida também o pode ser?!), quatro, uns atrás dos outros. Tempo apertado, caminhar calmo por constrangimentos alheios. Cheirinho a castanhas assadas, frio na cara (fim de tarde de outono ideal), buzinas, ventinho, semáforos...ui...até arrepia.
Descer pelos restauradores e entrar na rua por onde não se vê o Rossio. Estação do Rossio, toda recuperada e muitoooo bonita...iluminada...que linda que é Lisboa, bolas!
Sobe-se um bocadinho e vejo umas escadas do lado direito que me lembram aquele passeio, algures ainda no Verão.
Seguimos pela rua que sobe para os armazéns. Rua Garret. Só quando chegamos perto da Rua Ivens olho para trás e me apercebo que já há luzes de Natal nos armazéns do Chiado. Alguém pergunta: "Não tinhas reparado?"humm...não (penso: tenho de estar mais atenta, já me escapam evidências).
Corto à esquerda como recomendado. "Depois deves ver um largo"...hum...há uma espécie de rotunda mas os nomes das praças não coincidem...sigo mais rapidamente...porque o tempo passa rápido, principalmente quando se passeia. procuro algum sinal que me diga que vou no caminho certo.Onde está essa rua, Victor Cordon?!
Do lado esquerdo, umas grades que fazem lembrar uma prisão...e...supresa das surpresas...uma das vistas mais bonitas que Lisboa já me deu. Um miradouro ali escondido...
Fim da rua...o primeiro elemento que me diz estar no caminho certo. Há carris de eléctrico na calçada. A campaínha testemunha a evidência. Rua Victor Cordon. Agora só falta encontrar o número da porta e
esperar que seja perto. Mais uma rua a subir...e o eléctrico já passou!!
Em busca de uma reportagem fui caminhar por Lisboa. Não que só uma reportagem justifique fazê-lo...pelo contrário. Desde que me lembro que caminho por Lisboa. Muitas vezes com objectivo, outras vezes sem destino, sempre a observar o que se passa. E Lisboa, nesta altura. sabe mesmo bem.
Procurei uma rua, depois das explicações do H.. A companhia conhecia pior que eu a cidade. Descemos as escadinhas da descida íngreme (será que uma descida também o pode ser?!), quatro, uns atrás dos outros. Tempo apertado, caminhar calmo por constrangimentos alheios. Cheirinho a castanhas assadas, frio na cara (fim de tarde de outono ideal), buzinas, ventinho, semáforos...ui...até arrepia.
Descer pelos restauradores e entrar na rua por onde não se vê o Rossio. Estação do Rossio, toda recuperada e muitoooo bonita...iluminada...que linda que é Lisboa, bolas!
Sobe-se um bocadinho e vejo umas escadas do lado direito que me lembram aquele passeio, algures ainda no Verão.
Seguimos pela rua que sobe para os armazéns. Rua Garret. Só quando chegamos perto da Rua Ivens olho para trás e me apercebo que já há luzes de Natal nos armazéns do Chiado. Alguém pergunta: "Não tinhas reparado?"humm...não (penso: tenho de estar mais atenta, já me escapam evidências).
Corto à esquerda como recomendado. "Depois deves ver um largo"...hum...há uma espécie de rotunda mas os nomes das praças não coincidem...sigo mais rapidamente...porque o tempo passa rápido, principalmente quando se passeia. procuro algum sinal que me diga que vou no caminho certo.Onde está essa rua, Victor Cordon?!
Do lado esquerdo, umas grades que fazem lembrar uma prisão...e...supresa das surpresas...uma das vistas mais bonitas que Lisboa já me deu. Um miradouro ali escondido...
Fim da rua...o primeiro elemento que me diz estar no caminho certo. Há carris de eléctrico na calçada. A campaínha testemunha a evidência. Rua Victor Cordon. Agora só falta encontrar o número da porta e
esperar que seja perto. Mais uma rua a subir...e o eléctrico já passou!!
domingo, novembro 18, 2007
erro de percepção
naquele dia não percebeu o que se passou disse-lhe que fechasse os olhos para sentir a brisa mais perto a lua iluminava o ceu estrelado e nem o chão escapava à luz forte
nada ficava na sombra nem os olhos que às vezes os cabelos tentavam esconder
confiou na luz para prendê-la mas mal as pálpebras se fecharam ela foi embora
não se apercebeu da fuga afinal já há muito tempo a presença não era sentida
quando voltou a abrir os olhos ela não estava tinha ido sem deixar rasto
sempre fora mestre em disfarces em surpresas em enconderijos quase inacessiveis daí a descontracção com que encarou mais um acaso
um dia sentiu-a sorrir tão presente a sentiu que quis falar-lhe saber como estava possuir-lhe a alma
tentou procurá-la saber onde a encontrava
sem perceber perdeu o fôlego e sentiu-se vazio era tarde esperara demasiado
ela tinha morrido.
sábado, novembro 17, 2007
terça-feira, novembro 13, 2007
Vocc Coff
É conversa sem fronteiras, gargalhadas estridentes, abraços cúmplices...
É novidades fresquinhas, segredos pouco revelados, "piadas privadas"...
É um sem número de palavras, atiradas ao ar, para alguém apanhar...
É confiança, é secretismo, é intimidade, é confissão...
É galinheiro, alarido, confusão aparente...
É tranquilidade...
É café, cigarros, sorrisos, olhares que não acabam depois da despedida...
Vocc Coff é isso tudo...os gomos todos da laranja...
sexta-feira, outubro 19, 2007
quarta-feira, outubro 17, 2007
segunda-feira, outubro 15, 2007
quarta-feira, outubro 10, 2007
terça-feira, outubro 09, 2007
Sei que pode assustar, parecer caricato e até ser muito difícil de imaginar. Mas é com algumas saudades que lembro as tardes inteirinhas em que, com a saia de veludo preta (que a avó me fez a imitar a "Tieta do Agreste" com tanta, tanta roda...que levantava completamente quando eu dava voltas sobre mim própria) rodopiava no tapete da sala ao som desta música. Foi seguramente uma das maiores bandas sonoras da minha infância.
Luz vaga
A sala escura aguarda expectante o som da primeira nota.
O palco é um todo de luz e sombra. Escuridão. Luz.
Ao fundo, como clarão, um corpo quase inerte aproxima-se do piano, num movimento compassado que encanta.
Vestido de preto, caminha como se da primeira vez se tratasse. A plateia é sempre diferente, uma conquista mútua, pensa.
Os dedos percorrem então o teclado branco e negro, ainda sem qualquer som na sala cheia mas em silêncio profundo.
O alívio instala-se nele e no auditório quando os dedos tocam finalmente as teclas e o piano entra em consonância perfeita com o ar que se respira no espaço escuro. Pessoal e colectivamente, cada um respira de alívio.
As mãos percorrem a medo e a confiança as tiras brancas num movimento avassalador de tão seguro e ao mesmo tempo, virgem.
A cabeça, muito direita é abraçada por breves momentos pelos ombros. Depois, ao mesmo tempo que se levanta, agita-se desregradamente, sem destino.
Rumo ao infinito, qual estrela cadente, encontra conforto quando tropeça novamente nos ombros e finalmente os olhos encontram paz nas brancas teclas do piano negro.
Silêncio insurdecedor da plateia. E finalmente a salva de palmas de pé, que funde artista e público num só. Fim do espectáculo.
A sala escura aguarda expectante o som da primeira nota.
O palco é um todo de luz e sombra. Escuridão. Luz.
Ao fundo, como clarão, um corpo quase inerte aproxima-se do piano, num movimento compassado que encanta.
Vestido de preto, caminha como se da primeira vez se tratasse. A plateia é sempre diferente, uma conquista mútua, pensa.
Os dedos percorrem então o teclado branco e negro, ainda sem qualquer som na sala cheia mas em silêncio profundo.
O alívio instala-se nele e no auditório quando os dedos tocam finalmente as teclas e o piano entra em consonância perfeita com o ar que se respira no espaço escuro. Pessoal e colectivamente, cada um respira de alívio.
A nota soa pela primeira vez e preenche o vazio do silêncio que se instalou de repente, mal as luzes se apagaram.
As mãos percorrem a medo e a confiança as tiras brancas num movimento avassalador de tão seguro e ao mesmo tempo, virgem.
A cabeça, muito direita é abraçada por breves momentos pelos ombros. Depois, ao mesmo tempo que se levanta, agita-se desregradamente, sem destino.
Rumo ao infinito, qual estrela cadente, encontra conforto quando tropeça novamente nos ombros e finalmente os olhos encontram paz nas brancas teclas do piano negro.
Silêncio insurdecedor da plateia. E finalmente a salva de palmas de pé, que funde artista e público num só. Fim do espectáculo.
sexta-feira, setembro 21, 2007
quinta-feira, setembro 20, 2007
quarta-feira, setembro 19, 2007
segunda-feira, setembro 03, 2007
Impossível enterrar na areia
Lembro-me do Verão sempre da mesma maneira.
Faziam-se concursos para ver quem era o primeiro a avistar o farol a partir do início da ponte.
Os trinta e um dias de Agosto viviam-se demorada e serenamente. As manhãs eram passadas com os pais, os manos e os tios na praia. Sandes de ovos mexidos e salsichas trazidas pela avó Petit mais ou menos à hora de almoço. Ameixas rainha-cláudia ainda a pingar de terem sido lavadas há pouco tempo. Uvas, maçãs às vezes. Sei lá! Deitavam-se as duas sereias por cima da areia quente. Implicavam uma com a outra, as irmãs queridas!
Ainda não se falava de raios UV nem de queimaduras solares, nem de cremes ecrã total. O avô aparecia entretanto, caminhava pela praia, molhava os pés. Mãos atrás das costas, unidas, e voltava para casa. A avó adormecia os manos pequenos entre os braços à beira-mar a cantar O meu menino é d´oiro, é d´oiro o meu menino, Hei-de levá-lo aos anjos, p´ra que ele seja pequenino! A meio da tarde voltávamos para casa.
Ainda não se falava de raios UV nem de queimaduras solares, nem de cremes ecrã total. O avô aparecia entretanto, caminhava pela praia, molhava os pés. Mãos atrás das costas, unidas, e voltava para casa. A avó adormecia os manos pequenos entre os braços à beira-mar a cantar O meu menino é d´oiro, é d´oiro o meu menino, Hei-de levá-lo aos anjos, p´ra que ele seja pequenino! A meio da tarde voltávamos para casa.
Tomávamos banho em bacias de água que a mamã aquecia no fogão. A casa de banho era fora de casa, numa espécie de "avançado". Vestiamo-nos e íamos com a mamã e a titi fazer fugir as gaivotas que se passeavam ao pôr-do-sol na praia.
O mês passava-se sem grandes sobressaltos.
Depois apareceram os primeiros grupos de amigos e as primeiras "horas marcadas" para estar em casa. Os passeios de bicicleta na água que se acumulava quando a ria enchia e ultrapassava os limites. Cada ano, a conquista de mais uma hora por noite. Vieram os primos, mais e mais. Os passeios de bote à ilha. Piqueniques. Passaram anos. Grupos de amigos maiores. Amigos que foram para a faculdade. Dispersão geral.
Os avós desapareceram.
Fica um vazio enorme. A casa é cheia mas falta muitas vezes a presença de quem a enchia também. Com calma, com serenidade, sem gritos. Os dias de Verão têm sempre um quê de especial. As memórias ficam para sempre. São como o nevoeiro da Costa Nova que - como a avó dizia - "Vai abrir, de certeza!". Sim, é verdade, às vezes o dia abre mesmo.
Fica um sol quentinho que aquece a cara e o coração.
Caminho ao fim-de-semana, por agora, este ano. O pôr-do-sol acompanha os passos pelo passadiço novo, que a avó já não conheceu. Em prol das caminhadas veraneantes, a praia tem essa novidade.
É nesses passeios que mais vezes se recordam os avós, com o vento a bater na cara e o sol a pôr-se ao longe, no horizonte. Cenário ideal que ajuda a tê-los mais perto. Ao avô, que caminhava à beira-mar, de mãos cruzadas atrás das costas. E à avó, que relembro com as ondas misturadas com a areia a baterem-lhe nos tornozelos, enquanto embalava os manos à beira-mar, embrulhados nas toalhas de praia, a cantar baixinho. Parece que a oiço a sussurrar a música de embalar, quando escuto o mar que embala o pôr-do-sol.
Ó papão mau, vai embora
De cima desse telhado
Deixa dormir o menino
Um soninho descansado
Um passeio à beira-mar que dava vontade de ficar até anoitecer. Um dia destes fico.
Para o ano, porque não?
domingo, julho 29, 2007
É pena que não tenha estado igual ontem...é pena não poder haver dois dias com lua cheia, que nos encha a alma.
Ontem precisava mesmo da lua cheia. Cheguei e estavam quase todos à minha espera..qual regresso desejado. Acredita que também eu o desejava. Também eu sonhei com o momento eu que poderia abraçar-te outra vez e reconhecer os cheiros e as cores e a luz da cidade. O brilho é inconfundível. A maresia, o aroma doce do rio no ar. E o cheiro de casa? Quando voltei a entrar pareceu-me o que senti pareceu-me tão familiar como desconhecido. Afinal a minha ausência não se resume à costumeira "meia-dúzia" de dias que costumava sair todos os anos...não é?
Nunca uma decisão foi tão pensada, tão temida e tão desejada, ainda que esta caracterização seja tão docemente certeira como redondamente paradoxal.
O medo era tanto que hesitei até na hora de entregar os papéis, ainda que a sentença não fosse imediata. A experiência que - todos falavam - não devia perder; o medo de sair e nada voltar a ser o mesmo; o desafio de ouvir aquela língua que me fascinava; a vontade de receber "na minha casa" visitas que em tempos ocupavam o segundo a seguir ao despertar.
As vozes, depois da despedida, rapidamente se tornaram longínquas e menos nítidas, codificadas pela velocidade de trasferência de dados, no computador que me fez infinita companhia.
Passei a ser "eu aqui" e "vocês aí": e o aqui agora é noutro sítio...incomparavelmente...diferente.
O tempo passa num ápice...penso agora que tudo termina. E custa pensar que, além da rapidez...há também a "ausência do regresso"...
Porque por mais que se peça, com música ou sem, o tempo não volta para trás.
Mas não, não vou ficar triste. Aquilo a que me propus foi o meu melhor plano...aquele que foi traçado com a precisão de um "x-ato". E acima de tudo, aquele que passou além das palavras, dos sonhos, das iniciativas, dos pensamentos...aquele que consegui realizar depois de tantas conversas e confissões e sorrisos nervosos e cúmplices em tardes com este e aquele, em sonhos de noites de verão numa rede de pano qualquer, numa casa, num quarto, num carro. Porque deixei pura e simplesmente de tentar prever o que ia acontecer para passar a sentir o que acontecia. A pedalar ao ritmo da bicicleta em vez de fazer com que ela ande à velocidade que eu lhe imponho. Porque percebi que às vezes também importa fazer o que sinto e não, sentir o que quero.
Se a lua estivesse ontem como igual a hoje -penso agora com mais clareza - talvez as gargalhadas à luz ténue das velas compradas com todo o carinho do mundo, tivessem sido absorvidas por uma nostalgia incontrolável. Espero que não se repitam os dias..nem as noites...
A beleza e a preciosidade destas coisas que agora carrego dentro de mim..não têm o peso de um fardo...mas de um crescimento que preciso de mostrar aos outros. Porque eles vão concerteza querer saber se concretizei o sonho de muitas noites de lua cheia, de conversas cúmplices, de cafés apressados.
Ainda bem que não há noites iguais. E que cada uma guarda sempre alguma coisa especial.
Hoje a lua cheia...Amanhã?! Não faço ideia...
Como disseste uma vez:
"Eh miúda...já não temos palavras para o nosso crescimento!!"...
Isso mesmo. Sê bem-vinda!
sexta-feira, julho 20, 2007
Vislumbrá-lo ao longe
Os olhos podem não pousar uns nos outros. Pode não haver contacto de mãos a não ser durante a hora de ponta do metro quando todos são obrigados a tocar-se, por um lugar melhor no comboio subterrâneo de regresso a casa.
Custa ouvir o despertador mal o dia nasce (como parece), acordar cedo, tomar banho quando os olhos ainda ardem e comer apressada. Custa sair de casa com a brisa fria de um Verão que teima em não aparecer completamente. Porque dele se vislumbra apenas um ventinho fresco, numa esplanada qualquer, num fim de tarde diferente, em boa companhia.
Tal como o Verão que não aparece...as férias deste ano foram substituídas por...trabalho! Custa pensar que o Verão passado tenha podido significar o fim das "férias académicas" de Verão. Nesta altura resta esperar por uma aberta no horário. O tempo teima em passar depressa, como as semanas de não-férias que se vão acumulando umas a seguir às outras.
Vale o regresso de uns, muito esperados; a permanência de outros, em semelhante situação, como companhia deste Verão trabalhoso e sacrificado, mas tão desejado e tantas vezes sonhado em conversas de esplanada amarela e de outras cores também.
E vale, quase mais que tudo, o rio Tejo ali à minha frente todas as manhãs que me estende a mão no caminho para o sonho que ainda permanece de me tornar aquilo que almejo e que já sinto ser no mais íntimo do meu ser.
Porque quando vejo a luz de Lisboa no Terreiro do Paço logo pela manhã...dá vontade de nunca parar de conhecer esta cidade, cuja luz tantas vezes desejei, lá longe. Esta luz que além de iluminar o dia, prende e impede o esquecimento.
domingo, junho 10, 2007
Acabei de encontrar isto num livro sobre jornalismo, durante uma pesquisa "fortiva" nesta época final que enlouquece e nos enche por dentro de tão pequenos que somos..face à grandeza do Universo.
Copiei-o um dia...já nem me lembrava...
Tinha de ser do grande génio...
«Eu amo os meus sonhos», disse eu para alguém,
Prosaico, em manhã de inverno, que com desdém replicou:
«Não sou escravo de Ideal
E, como gente sensata, amo o Real».
Pobre louco, o ser e o parecer trocando!
É que eu amo o Real meus sonhos amando.
Copiei-o um dia...já nem me lembrava...
Tinha de ser do grande génio...
«Eu amo os meus sonhos», disse eu para alguém,
Prosaico, em manhã de inverno, que com desdém replicou:
«Não sou escravo de Ideal
E, como gente sensata, amo o Real».
Pobre louco, o ser e o parecer trocando!
É que eu amo o Real meus sonhos amando.
Fernando Pessoa
terça-feira, fevereiro 27, 2007
domingo, fevereiro 18, 2007
MADRID
Dizia Fernando Pessoa da Coca-Cola: "Primeiro estranha-se; depois entranha-se". Sinto o mesmo em relacao ao meu (quase no fim) ERASMUS.
As malas estao quase feitas. Roupa de Verao (ainda) e de Inverno aos montes, sobreposta com lembrancas, saudades (ja e ainda) e otras cositas más. Mas as fotografias continuam nas paredes, á espera da hora derradeira. Aquela hora em que as últimas coisas se poem dentro do último saco e se preparam para o regresso. Afinal, vou voltar para casa.
Cinco meses e meio de ausencia. Desde 4 de Setembro que estou em Madrid. Adaptacao difícil (muito mais do que imaginava). A verdade é que sempre fui um bocadinho avessa a mudancas, confesso. Mas pensava que tinha mudado. Afinal, nao tanto como isso!
Sento-me na ponta da cama coberta com a colcha azul turqueza e suspiro. Nunca pensei que esta aventura me trouxesse tantas emocoes como aquelas que vivi, que vivo e que nunca mais acabam. Encosto os cotovelos nos joelhos e parece que todo o corpo cai. Deito a cabeca na cama e olho á minha volta. O quarto pequenino, frio e humido, meu aconchego nas horas mais nostalgicas, vai ser abandonado. Todas as minhas marcas - fotografias, papelada, termoventilador, tapete as riscas, O Beijo do Klimt comprado no Rastro, desarrumacao - tudo vai deixar de fazer parte da casa madrilena.
Depois do Natal, quando regressei, senti que comecava a contagem decrescente. E essa sensacao fez nascer uma enorme ansiedade e uma angústia (diria, grandota) por o tempo estar a passar tao depressa. Mas é mesmo verdade...passou a correr.
O meu ERASMUS nao foi aquilo que eu sonhava. Sonhava com noitadas de partilha, conversas e descobertas de que me falavam com tanto orgulho pessoas que ja tinham ido e ja tinham regressado, paixoes assolapadas por tudo e por nada, gargalhadas histéricas, baldas as aulas, amizades loucas, espontaneas. Acho que tive as experiencias, mas nao na intensidade com que as sonhava. Sera que me estou a fazer entender?
Bem...adiante!
Cada regresso a Lisboa era para mim uma lufada de ar fresco. A Luz de Lisboa é incomparável. O branco da calcada inigualável e o que sinto quando chego é um conforto imenso e uma sensacao de "casa" muito grande. Conheco os sitios, os ruidos, os cheiros...e dá-me uma seguranca enorme poder encontrar pessoas conhecidas em sítios familiares. Aqui em Madrid nao era assim. Mas desde que comecei a pensar que me ia embora que me sinto em "casa" quando chego. A estranheza dos primeiros tempos contrasta agora, fria e cruelmente com a sensacao de que me sinto bem, de que já conheco sítios e já sinto a cidade como minha. Agora nao me importo de andar por ai a deambular sozinha, nao me importo de rir quando fixo o olhar nos homens-estátua dos preciados e eles sorriem, nao me interessa estalar os dedos no metro quando vibro com a musica nos headphones alheios...porque Madrid já e minha. Já a sinto como familiar, como um sítio que conheco, como companheira cúmplice e discreta de aventuras, risotas, brincadeiras, dancas e cancoes, paixoes, ERASMUS.
Gosto de passear e poder responder a turistas onde é a estacao de metro mais próxima, quanto tempo demora a viagem até Segovia, quanto custam os bilhetes de autocarro e a que horas fecha o Mac de Cuatro Caminos. Gosto quando tocam a campainha e nao se percebe nada do que dizem, quando vou a descer as escadas do metro aqui mesmo a porta de casa (e so atravessar a estrada) e sentir o vento a soprar no cabelo. Gosto de chegar a Ciudad Universitaria e ver que o sinal do semáforo está verde para eu passar, e sentir que ha na cafetaria o cheirinho de napolitanas de chocolate e montes de gente da mesma idade que faz as mesmas coisas que eu e rapazes a jogar rugby no campo enlameado e sempre cheio de pocas de água mesmo atrás do edificio novo da faculdade. E gosto que ninguém perceba o que digo quando falo portugues e gosto dos amigos que fiz e de passear pela Calle Mayor e de me sentar na Plaza Mayor e de sentir que tenho a orelha vermelha por isso é sinal que a mesma hora alguém de quem gosto muito e que gosta muito de mim, está a pensar em mim. E o que gosto mais é de nao pensar nesta despedida como uma coisa definitiva. E certo que ERASMUS termina e nunca mais vai ser o mesmo. De turista passei a residente e com a mesma rapidez e intensidade vou voltar a condicao inicial. É incrível como os ciclos se repetem e ainda mais incrível eu sentir - como digo tantas vezes - que a intensidade com que sinto querer voltar é a mesma que me faz pensar remotamente que poderia ficar mais. Porque acho que aquilo que nao podemos mudar a partida se torna mais desejado (pelo menos neste caso). Porque decidi partir e neste momento apetece tanto ficar. Porque as companeras de piso, Cuatro Caminos, o Carrefour, o Sol, o Paseo do Prado, o Reina Sofia, a Gran Via, a musica clássica a porta da Fnac dos Preciados, os passeios pela Calle Arenal desde a Opera até ao Palacio Real e a minha Plaza Mayor me vao fazer tanta falta.
Porque este misto de emocoes so me faz sentir que estou maior, mais sensível a realidade, e me sinto como tu disseste T., que o crescimento nao "cabe mais em nós". Porque me sinto cheia de tudo e de nada, porque vai custar dizer Adeus (melhor dizer hasta ahora) e me vai dar tanto prazer refazer a rotina.
Madrid faz parte de mim porque, sinto, nao consigo descrever tao bem como gostaria aquilo que sinto por ela. E porque já tenho saudades e ainda nao fui.
Dizia eu quando vim..naquele post remoto cheio de nostalgia portuguesa, de saudades enormes, de falta de tudo aquilo que a mudanca me tinha tirado...Lo importante es volver. Digo o mesmo agora que regresso. A frase vai ficar para sempre. Muda o objecto. Como está tudo sempre em mudanca, resta esperar pela próxima paragem. Nao será ERASMUS porque esse nao se pode repetir. Mas será certamente por outro motivo qualquer. Porque em mim...há tantas recordacoes como há sonhos por concretizar. E como dizia o poeta...parar é morrer!
quarta-feira, fevereiro 14, 2007
Última Hora
Comunicado Oficial
Comunicado Oficial
Por motivos até agora desconhecidos (aparentemente de carácter muito forte), alheios ao próprio S. Valentim (percursor e responsável deste dia tao falado e especial), fica adiado o dia 14 de Fevereiro, vulgo comemorativo dia dos namorados para a semana que vem. E em decreto geral passará a chamar-se Dia dos Super Namorados.
E aí sim...vamos comemorar. Vale?!
quarta-feira, fevereiro 07, 2007
A descoberta do dia...
Hoje aprendi a justificar os textos do blog! E também outra coisa que agora me esqueci...(sera que ja a "desaprendi"?)...ah...e ja converti o meu blog as maravilhas de Google account...nao sao magnificos estes progressos das novas tecnologias? Quem diria que um dia poderiamos fazer tal coisa!
Hoje aprendi a justificar os textos do blog! E também outra coisa que agora me esqueci...(sera que ja a "desaprendi"?)...ah...e ja converti o meu blog as maravilhas de Google account...nao sao magnificos estes progressos das novas tecnologias? Quem diria que um dia poderiamos fazer tal coisa!
terça-feira, fevereiro 06, 2007
Amanha é outro dia
Ha tantos dias que se sentia cansada. Acordava sem saber o que fazer apesar da papelada se juntar na escrivaninha empoeirada. Mas cada dia lhe parecia que o acumular nao era suficiente para incentivar a limpeza. E entao deixava passar os dias entre os pensamentos e os sonhos repetidos que tentava nao esquecer. Logo que acordava de algum deles, apressava-se a pegar no caderninho azul com a estrelinha amarela ao canto e a escrever com detalhes aquilo que sonhara. As vezes parecia-lhe infantil mas o Dr. V. tinha-lhe dito um dia, numa tarde chuvosa, que talvez escrever os sonhos em papel ajudasse a enfrentar os medos que tinha.
Depois de escrever com todos os detalhes o sonho, voltava a tapar-se. Metia até a cabeca debaixo dos lencois, para que a luz que entrava pela janela sem portada nem persiana nao lhe fizesse fugir a continuacao do seu sonho. E a vontade de regressar ao mundo do sonho que tinha deixado para tras afunilava com a sensacao do corpo a perder o peso e a levitar (parecia-lhe que levitava, nao era?).
terça-feira, janeiro 30, 2007
Como o dia é tao especial e as lembrancas tao presentes apetece dizer a toda a gente que te adoro. É bom saber que nos guardámos tao bem e que já sabemos tanto um sobre o outro. É como se o tempo tivesse passado e deixado as suas marcas, mas o fascínio do primeiro dia se mantivesse intocável, perante tantas provas e tantas tormentas.
É como se tivessemos conseguido proteger o mais importante na redoma mais forte (nunca pensei que pudessem existir redomas blindadas). E tudo, em simples segundos, se aglomera num filme perfeito de imagens que se sucedem, de datas que se celebram, de musicas que marcam compassos tantas vezes descompassados.
Nem sempre juntos mas nunca separados, disseste um dia. Bom saber que posso contar contigo para o que der...e vier..
Por mais 6 vezes 6 vezes 6...porque parecem infinitos...muito mais que seis...e ainda tanto que disfrutar..tanta descoberta que ai vem...
Vamos?
Mas espera...espera por mim...espera que eu regresse. Entretanto, quero que recebas, de bracos abertos e com toda a calma e serenidade do mundo...um abraco a distancia e um beijo que pode ser de saudade, de carinho, de atencao, de preocupacao, apaixonado...e tudo mais que precises... Muitos Parabens!!
Aí sim...vou também sentir a resposta da tua parte a pergunta que fizeste. Sim..quero namorar contigo! Parabens outra vez, pequeno! Hoje é o Nosso dia!
segunda-feira, janeiro 15, 2007
sexta-feira, janeiro 12, 2007
Sim?
O bater do pe repetido no chao da calcada branca manchada pelos pes dos que passavam, denunciava a ansiedade. E talvez tambem a falta de maturidade que algumas vezes acusavam de ter. -Devo ter desculpa-, pensava...afinal os dias nao eram todos iguais e sentia sempre o friozinho na barriga em horas como aquelas.
O telefonema veio sem avisar. Nao e que nem todos avisem que vem, mas naquela manha, ainda a dormir, sentiu o toque do telefone. Como nada fazia prever reaccoes como aquelas, levantou-se com sobressalto e pousou o auscultador na mesinha de cabeceira. O sinal de impedido do outro lado denunciava a chamada curta e avassaladora.
(-Sera mesmo isso que queres?)
De joelhos no chao, flashes de imagens abatem-se num pensamento filmico, regrado e rapido. Imagens, imagens, imagens. Momentos, lembrancas, emocoes. Volta sentar-se na cama e escuta o relogio.
-E preciso pensar coerente e rapido. - reflecte.
(-Isto e mesmo verdade?)
Agora um calor avassalador passa por todos os membros e parece que a cabeca explode de dor. O coracao dispara qual revolver accionado por um simples pulsar de dedo. A voz volta a cabeca e, agora vem um frio assustador gelar-lhe tudo aquilo que faz do seu corpo, humano.
(-Para que sentir?)
Encosta as costas a cama desfeita e pousa os cotovelos nos joelhos e a cabeca nas maos, que tremem sem parar. E preciso pensar. Pensar rapido e agir. Profunda(mente). Telefonar nao vai resolver. Nao restitui. Nao resolve. Nem sequer da comodidade. Mas fazer o que? Esperar? Pensar? Dizer tudo ou nao dizer nada? Insultos? Devaneios? Sentimentos de si e de outro que parece o mesmo? Confusao avassaladora. Branco. Quebra.
A calcada suja denuncia tambem os passos de quem tem estorias para contar.
- Sera que passamos por ela alguma vez em silencio? Ler-nos-ia ela os pensamentos, agora?
O tempo atrasa o encontro. A ansiedade aumenta a cada segundo. E neste impasse, nesta instabilidade e nesta incerteza, e dificil identificar o bom e o mau, o que partilhar e o que guardar, o que fazer...
Esquecer?
-Parar de bater o pe. Talvez assim acalme este instinto de querer mais e pedir impossiveis. Isso...maturidade.
O bater do pe repetido no chao da calcada branca manchada pelos pes dos que passavam, denunciava a ansiedade. E talvez tambem a falta de maturidade que algumas vezes acusavam de ter. -Devo ter desculpa-, pensava...afinal os dias nao eram todos iguais e sentia sempre o friozinho na barriga em horas como aquelas.
O telefonema veio sem avisar. Nao e que nem todos avisem que vem, mas naquela manha, ainda a dormir, sentiu o toque do telefone. Como nada fazia prever reaccoes como aquelas, levantou-se com sobressalto e pousou o auscultador na mesinha de cabeceira. O sinal de impedido do outro lado denunciava a chamada curta e avassaladora.
(-Sera mesmo isso que queres?)
De joelhos no chao, flashes de imagens abatem-se num pensamento filmico, regrado e rapido. Imagens, imagens, imagens. Momentos, lembrancas, emocoes. Volta sentar-se na cama e escuta o relogio.
-E preciso pensar coerente e rapido. - reflecte.
(-Isto e mesmo verdade?)
Agora um calor avassalador passa por todos os membros e parece que a cabeca explode de dor. O coracao dispara qual revolver accionado por um simples pulsar de dedo. A voz volta a cabeca e, agora vem um frio assustador gelar-lhe tudo aquilo que faz do seu corpo, humano.
(-Para que sentir?)
Encosta as costas a cama desfeita e pousa os cotovelos nos joelhos e a cabeca nas maos, que tremem sem parar. E preciso pensar. Pensar rapido e agir. Profunda(mente). Telefonar nao vai resolver. Nao restitui. Nao resolve. Nem sequer da comodidade. Mas fazer o que? Esperar? Pensar? Dizer tudo ou nao dizer nada? Insultos? Devaneios? Sentimentos de si e de outro que parece o mesmo? Confusao avassaladora. Branco. Quebra.
A calcada suja denuncia tambem os passos de quem tem estorias para contar.
- Sera que passamos por ela alguma vez em silencio? Ler-nos-ia ela os pensamentos, agora?
O tempo atrasa o encontro. A ansiedade aumenta a cada segundo. E neste impasse, nesta instabilidade e nesta incerteza, e dificil identificar o bom e o mau, o que partilhar e o que guardar, o que fazer...
Esquecer?
-Parar de bater o pe. Talvez assim acalme este instinto de querer mais e pedir impossiveis. Isso...maturidade.
Subscrever:
Mensagens (Atom)