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quarta-feira, janeiro 14, 2009

De há 24 anos para cá

Eram 16h50m quando me olharam nos olhos pela primeira vez. Entretanto, tinha estado 9 meses certos na barriga da minha mãe, que diz que logo que me viu me achou o bebé mais lindo de sempre. Tinha o cabelo preto e em pé e parece que logo a partir da primeira semana de vida comecei a dormir a noite toda. Adorava estar na ronha, tanto que era preciso apertarem-me os dedos dos pés para acordar e comer. Foi - desconfio - desta fase que resultou a minha 'hiperactividade' actual. Gosto de conhecer sítios novos, mas gosto de estar também nos antigos, nos de sempre. Gosto de músicas melodiosas em dias tristes e em dias felizes. Tenho de me sentir útil, fazer planos, sair de casa, conversar. Sou impulsiva com os amigos, com o namorado, com a família. Com pessoas que me dizem alguma coisa, que me obrigam a pensar por mim e não se satisfazem com menos do que aquilo que esperam de mim. Adoro chocolates, muito mais desde que a palavra 'dieta' entrou no meu vocabulário quotidiano. Antes, na verdade, os doces em geral diziam-me pouco. Mordo o interior da minha boca, tanto que até o meu dentista já recomendou que pare. (Parece que corro o risco de abrir uma cratera numa das bochechas.) Adoro ir a casa ao fim de semana. Porque...enfim...porque cheira a casa, sabe a casa...porque é casa e isso diz tudo. Gosto de falar ao telefone, mas gosto mais de falar cara-a-cara, a não ser que a cara esteja tão má que um contacto mais directo seja de evitar. Não gosto especialmente de mandar mensagens, de falar pelo 'mensageiro'. Gosto de escrever cartas, adoro datas, detesto bolo-rei e não consigo evitar adormecer a ver filmes, à noite.
Dizem que sou igual ao meu pai e a minha mãe fica aborrecida com isso, principalmente quando sou eu a dizê-lo. Realizo-me a escrever, cresço a perguntar, penso baixinho e às vezes não digo o que acho. Outras vezes falo demais, arrependo-me, peço desculpa e entro em hibernação, com medo que mais ninguém erre tanto como eu. Assumo responsabilidade quando a tenho. Mas recuso-a quando ela não é minha. Prezo a verdade, acredito que os sonhos se podem realizar. Insisto até não ter forças para mais ou até deixar de acreditar. Sei o NIB de cor - assim como muitas datas, e muitos números de telefone, mesmo aqueles que já estão inactivos e dos quais ninguém mais se lembra - e isso assusta muita gente. Sou hipercrítica comigo e adoro que os outros o sejam também. É sinal que me levam a sério e estão atentos, tanto como eu. Decoro toilettes inteiras, e isso surpreende as minhas amigas que riem à gargalhada quando lhes digo aquilo que traziam vestido em tal dia e em tal situação. Gosto de dançar acompanhada, na rua e de pôr o rádio no máximo quando passa uma música de que sei a letra. Sou poeta na escrita, pragmática no pensamento, prática na acção, céptica na vida. E desconfiada.
Sou a primeira filha e a primeira neta, e isso fez com que me tornasse demasiado chata, implicante, e exigente, sobretudo com os meus irmãos e as coisas deles. E também sisuda demais, até para o meu gosto. Procuro constantemente o equilíbrio, e travo duelos sangrentos com o 8 e o 80, que teimam em 'monopolizar' as minhas acções.
Sou vaidosa, mas não o suficiente para me ver ao espelho nas montras. Sou corajosa, mas não o suficiente para tocar em bichos esquisitos. Sou calculista, mas não o suficiente para trair um amigo. Tenho outros tantos defeitos que não posso enumerar agora porque a idade já não me permite lembrar de tudo. Fica para o ano. Gosto do meu espaço. Mas gosto mais quando posso partilhá-lo. Nasci faz hoje 24 anos - "Ai, como o tempo passa", dizia logo de manhã a Titezinha, quando ligou a dar os parabéns - , o que faz de mim um fruto da 'colheita' de 85 que - modéstia à parte - é das melhores de sempre.

4 comentários:

Andreia disse...

esqueceste-te de dizer que gostas de sair do carro quando o sinal dos semáforos está vermelho e de dançar na rua como se não houvesse amanhã...

Deb disse...

esqueceste-te de dizer que és assim, transparente, genuína, abres-te em palavras para te verem no teu fundo!
e haja audácia para esse livro aberto que manuseaste neste post.
adoro-te, obrigada por nos ensinares tanto com esses meses vocc que tens a mais :)

Sarita disse...

=)*

Catarina disse...

Que texto bonito e bem escrito!

A auto-crítica é poderosa!

E já agora, parabéns!!