Fecha-se a porta e estremece o corpo, do estrondo. Há correntes de ar que não conseguem evitar-se, por mais que se encostem as janelas. Nem casacos que valham às vezes, por mais que nos agasalhemos. Frio, é todo de aragem que nos causa dormência nos pés, que nos incomoda o estômago, e que até nos pode chegar a gelar a alma. Chega de mansinho, às vezes calma e pacientemente, na maioria delas sem avisar. Vem rápido e assusta. É como uma surpresa, uma visita inesperada a quem não queríamos mostrar a nossa casa. Ocupa-nos muitas vezes o refúgio, mexe-nos nas memórias, gela-nos o pensamento. Muitas vezes achamos que não passa, que nunca mais passa.
A corrente de ar arrepia, causa transtorno, provoca um batimento acelerado do coração. É atleta de velocidade, passa num ápice. Transforma. Assusta. É consequência. E causa. É razão de ser. Ou não.
Fecha a porta por favor. Não gosto de surpresas. E constipo-me com facilidade.
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