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quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Fim-de-semana


Toca o despertador com regras, a lembrar a semana de trabalho, mas o céu está azul por cima de nós e a calçada pede que partilhemos com ela os nossos passos. Banho apressado, saímos cheias de planos, como se Lisboa fosse um mapa-mundo inteiro por descobrir. Há uma aula de dança a ver, uma conversa, há perguntas e respostas e dúvidas e hesitações, por entre passos barulhentos de sapatos com salto e biqueira forrados a metal. Há uma escada a pique para descer, e um eléctrico que sobe ao mesmo tempo e pelo qual, se não nos desviarmos, seremos atropeladas. Há cafés que nunca vimos, lojas em que nunca reparámos; há conversa sem mais nem porquê e convites para almoços 'no melhor restaurante de Lisboa'. Há expressões cansativas de tão repetidas, e que ficam nos ouvidos de quem nos ouve dizê-las em toda e qualquer circunstância, como um dialecto que se propaga à velocidade da mais contagiosa das doenças. Mas boas. E depois há um passeio pelo Chiado, há mensagens e chamadas a perguntar onde estamos, e nós perdidas naquela luz que tanto nos cega como nos encanta, e que cria em nós um encantamento que não sabemos explicar. Há um almoço-fábula, entre paredes de pedra, galerias de arte e máquinas de costura. E voltamos a dividir comida e bebida, e conversa - que nestes dias parece que a conversa não se esgota entre as palavras ditas e as não-ditas - até dividirmos também opiniões, em relação a vestidos e a casacos e a calças e a chapéus, numa loja da baixa. E depois descemos e passamos pela rua Augusta, tão emblemática e tão cheia nestes dias em que o sol é para todos e se ouvem todas as línguas pela rua. E quando damos por nós, falamos também já todas as línguas numa mistura que entendemos como nossa e que leva os outros a pensar no número de garrafas que teremos bebido durante o almoço. E depois subimos pela Sé e cruzamos a rua por entre os carris do eléctrico, entramos e saímos da galeria num ápice, mas não sem antes lermos todas as quadras apaixonadas de todos aqueles lenços que dantes os namorados mandavam aos donos dos seus corações. E subimos mais, já as pernas pedem por descanso. Sentamo-nos agora, olhos-nos-olhos com o Tejo - Tajo - e falamos com ele, como se fôssemos amigos de longa data (ou não seremos mesmo, depois de tantas conversas em madrugadas, e em noites de lua cheia, e em dias de temporal...que é disso que se fazem as grandes amizades?). E levantamo-nos que o dia já vai longo e ainda temos de subir ao castelo para sermos princesas amanhã, e depois voltar a descer e subir alto ao Bairro, para aconchegar o estômago vazio com um chá de frutos e uma torrada a dividir por duas. E no caminho, há carros que falam com os condutores, há Alexandre que fala espanhol com ingleses, e também connosco, há espanholas perdidas como nós nesta cidade que é nossa. Subimos, descemos e subimos. Voltamos a descer, já nos Restauradores; e há música na rua, balões em forma de coração voam e enfeitam os restaurantes; e voltamos a subir, pela escadinha a pique, com os degraus todos diferentes. Que o carro ficou no alto de uma das colinas. E elas são sete e ainda temos muito que andar, e...além disso, ainda é Sábado. Vamos?

1 comentário:

Andreia disse...

Vamos! Porque ainda temos de encontrar todos os Alexandres que estão espalhados por Lisboa, prontos para dar a conhecer às meninas "turistas" os lugares mais recônditos da capital!

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