É difícil explicar o que aconteceu. Foi tudo tão rápido e imperceptível. Sei que nem sabia o teu nome. Apresentaram-te como sendo um todo, não um nome só. Diziam que eras outra coisa, que eras ousado. Destemido. Fresco. Jovem. Completamente diferente dos outros.
Eu acreditei porque os que já te conheciam falavam maravilhas de ti. E eu decidi arriscar. Deixei o ceptismo de lado e, qual aventureira, deixei-me levar como fazem todos os apaixonados. Ainda sem te conhecer pessoalmente, perguntava por ti, preocupava-me contigo. E lembro-me que até sonhei contigo algumas vezes, nas noites antes do derradeiro dia. Conheci-te numa sala cheinha de gente que comentava o teu aspecto baixinho. E depois alto, ao microfone, para toda a gente ouvir. À primeira vista achei-te diferente, sim. Parecias luminoso, apesar de cinzento por dentro. Mas como toda a gente, pensei logo poder-te mudar, como se a mudança não partisse de ti, mas de mim. Mas aos poucos, comecei a dar-te espaço, e a por-me à vontade. E comelámos a conhecer-nos melhor, a conversar mais. Vimos que partilhavamos gostos, interesses... que gostavamos das mesmas cores, que coincidiamos nos lugares. Num instante, comecei a pensar em ti a toda a hora. Falava de ti a toda a gente. E sempre que me aproximava, o coração batia mais depressa e sentia borboletas na barriga quando te via. E toda a gente me perguntava quando é que te conhecia, tal era a excitação. Começaste a parecer-me mais luminoso, mais ousado. Deste-te a conhecer, mostraste-me outra maneira de ver as coisas. E começámos a falar da mesma maneira, a usar as mesmas expressões, a rir das mesmas piadas, como gente que passa muito tempo junta e se conhece como a palma da mão. Sabes? E depois o tempo foi passando rápido, as provas sendo ultrapassadas. Grandes novidades, pequenos segredos, montes de coisas partilhadas. Quando dei por mim estava apaixonada e já não me imaginava sem ti. Passaste a fazer parte do meu dia-a-dia, da minha vida, a condicionar as minhas escolhas. Abdiquei de tempo para estar contigo, estiquei os dias para poder dar-te atenção, desdobrei-me em cuidados quando te senti mais frágil, apoiei-me no teu ombro quando me apeteceu chorar. E não é isso o amor?
É difícil explicar como isto tudo aconteceu. Porque a maior parte das paixões não se explica. Acontece. Num instante. Tão rápida, veloz, inexplicável, imprevisível. Só sei que quando me dei conta, era impossível voltar atrás. Há um ano que preciso de ti todos os dias. Coisa boa, esta.
3 comentários:
Até eu me derreti!
:)
És uma "i-dependente"
ocheirodatintanopapeli
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