Era habitual, quase no final de cada ano, fazer um 'balanço' mental daquilo que se passou. Relembrou acontecimentos, pessoas, marcos, situações. No mundo muita coisa aconteceu. Poderia fazer uma enumeração de muitos dos acontecimentos marcantes de 2008: explodiu a crise económica mundial, Obama ganhou as eleições nos EUA, Zapatero renovou mandato em Espanha, Fidel Castro delegou poderes no irmão, Ingrid Betancourt foi libertada após 6 anos de cativeiro, o Kosovo foi proclamado independente, Barajas sofreu o maior acidente aéreo dos últimos 30 anos, morreu Paul Newman, Yves Saint-Laurent, Sydney Pollack, Manuel de Oliveira comemorou 100 anos, a Irlanda votou contra o Tratado de Lisboa. Houve o casamento do século. Podia escrever muito mais linhas sobre o assunto, sobre como o ano se passou veloz e assustadoramente automático.
Dois mil e oito - concordou há pouco tempo - não foi grande ano. Pessoalmente, pareceu-lhe óbvio que não aconteceu nada de especial e especialmente marcante. Mas já na altura teve a sensação de que, se em duas semanas o 'valor' do ano mudasse, 2008 seria apenas e só, um 'ano incubadora': 365 dias que só por si não decidiram nada, mas que foram decisivos para outra coisa maior.
De repente, sem mais nem menos, 2008 transformou-se num ano profeta. Um ano que anunciou mudanças incríveis, que trouxe um bafo quente ao frio da manhã e que guardou o melhor para o fim. Pôs-se a pensar nos desejos das 12 passas de há um ano. Na partilha de um beijo. Nos abraços. Reviu as lágrimas do ano, os sorrisos, as gargalhadas. Reviu um fim de contrato, um estágio simultâneo, artigos, telefonemas, noites mal dormidas, semanas sem fôlego, recibos verdes, dois contratos. Festas, jantares, despedidas, regressos, ansiedades. Reviu orgulhos, palavras lindas, feias e assim-assim. Escaparam coisas - certamente. Mas é preciso - também - que faltem: só assim 2009 passará da teoria à prática e fará sentido. E um ano novo - é sempre qualquer coisa de encantador. Este - 2009 - promete!